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terça-feira, 27 de abril de 2010

Quase 3 mil portuguesas laquearam as trompas sem cirurgia...

Maria Helena está satisfeita com a técnica

Um sistema de esterilização definitiva que não exige cirurgia ou internamento é usado em Portugal há quatro anos e já convenceu os especialistas. Deste então, 2800 mulheres colocaram microimplantes de metal, através do útero, que, passados três meses, são envolvidos pelo tecido das trompas, criando uma barreira natural. Os médicos garantem que é eficaz, não requer incisões, nem anestesia geral, e é feito em ambulatório em apenas 15 minutos.

Aos 33 anos Maria Helena Anjos decidiu que não queria arriscar mais nenhuma gravidez. Já tinha três filhos, de 15, 10 e 5 anos, e queria emagrecer. "O médico disse-me que, para colocar a banda gástrica, não podia engravidar nos próximos anos. Fazer contracepção definitiva pareceu-me a melhor opção", conta a doméstica. Como tinha outras doenças e a cirurgia não era recomendável, os médicos propuseram-lhe um novo método que permite laquear as trompas sem ser necessário fazer incisões.

"É um procedimento em que se colocam microimplantes nas trompas através do útero, por histeroscopia", explica Alberto Fradique, da Sociedade Portuguesa de Ginecologia. "Os microimplantes vão sendo envolvidos pelo tecido das próprias trompas, criando uma barreira natural, de forma a impedir a fecundação."

Esta técnica é permanente e irreversível, mas ao longo de três meses a mulher deve usar outro método contraceptivo.

Este método alternativo à cirurgia chama-se Essure, foi criado nos Estados Unidos nos anos 90, mas só começou a ser aplicado em Portugal a partir de 2006.

Desde então já foram feitas 2800 laqueações com esta técnica no País. A maioria dos hospitais públicos e privados, como a Maternidade Alfredo da Costa e o Hospital da Luz, em Lisboa, ou o São João, no Porto, já a adoptaram. Outros, como o Francisco Xavier, em Lisboa, ainda estão em processo de implementação e formação dos profissionais. A empresa que comercializa o Essure, a Conceptus, diz que na Europa já foram usados 35 mil implantes e 400 mil em todo o mundo.

Os dois microimplantes (um para cada trompa) custam 1050 euros, mas são comparticipados pelo Estado.

Esta nova técnica de esterilização veio revolucionar a contracepção feminina e está a conquistar mulheres e médicos em Portugal. Alguns especialistas defendem mesmo que o Essure, além de mais cómodo, é mais barato. No entanto, a tradicional cirurgia de laqueação de trompas - a partir de incisões na parede abdominal (ver texto ao lado)- continua a ser a mais utilizada.

"A experiência que tenho é que o novo procedimento é eficaz e é talvez o melhor do mercado actualmente", defende Alberto Fradique. "Tem mais vantagens para os doentes, por provocar menos morbilidade, uma vez que é feito em ambulatório e não obriga ao internamento da mulher. É simples, demora em média 15 minutos, não requer anestesia, cortes ou pontos."

"Permite que as mulheres possam fazer uma vida normal, logo após a sua aplicação", completa Margarida Martinho, directora da Unidade de Endoscopia do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de São João, no Porto, a primeira unidade de saúde a aplicar a técnica.

Maria Helena ficou satisfeita. Colocou os microimplantes há cinco meses no Hospital de São João, já fez o teste para verificar que as trompas estavam bloqueadas e está tudo bem. "Foi tudo muito rápido, e quase nem senti. Ainda me disseram para tomar um analgésico, mas nem isso tomei, e não senti muitas dores. É quase como que um exame de rotina no ginecologista", refere.

Isabel Cherpe, de 42 anos, foi das primeiras mulheres em Portugal a colocar o Essure. "Quando fiz a laqueação, o médico disse-me que tinha acabado de chegar. Tranquilizou-me quanto ao procedimento e eu confiei", lembra.

A administrativa usava um dispositivo intra-uterino como método contraceptivo, até que começou a ter problemas. "O meu organismo começou a rejeitá-lo. Ainda tentei outra marca, mas não resultou", conta.

A pílula ou o adesivo também não a convenciam e no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, propuseram-lhe esta nova alternativa. "Como já tinha duas filhas e não pensava ter mais, não hesitei. Coloquei-o há quatro anos e nunca tive problemas", assegura Isabel Cherpe.

"É fácil aplicar o dispositivo de metal, embora exija algum treino e só deva ser feito por especialistas", sublinha também Jorge Branco, director da maior maternidade do Pais, a Alfredo da Costa, onde esta técnica é realizada há cerca de três anos.

"Podemos dizer que já não faz sentido fazer laqueação por laparotomia (abrir a barriga)", conclui a ginecologista Margarida Martinho, resumindo a opinião dos clínicos ouvidos pelo DN .

DN

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