A Polícia Judiciária (PJ) encontrou, com a ajuda dos cães ingleses que estiveram em Portugal há cerca de uma semana, vestígios biológicos que poderão ser de Madeleine numa das viaturas usadas pelos amigos da família McCann.
As amostras encontram-se no mesmo laboratório em Birmingham, Inglaterra, onde estão a ser analisadas as amostras de sangue encontradas no apartamento da Praia da Luz, e as autoridades acreditam que se o ADN corresponder ao da criança a descoberta pode dar um novo fôlego à investigação.
Designadamente, admitem a possibilidade de serem constituídos novos arguidos ou mesmo de serem feitas detenções. Tudo depende dos resultados das análises que a PJ espera agora que cheguem a Portugal amanhã e que poderão ser decisivas na investigação ao desaparecimento da menina inglesa.
Quanto aos vestígios de sangue, a PJ desconhece os resultados. Depois da notícia avançada pelo diário inglês ‘The Times’, os polícias contactaram o oficial de ligação naquele país, que lhes garantiu que os resultados ainda não tinham sido obtidos.
Mesmo assim, uma fonte da investigação garantiu ao CM que as autoridades portuguesas aceitam como provável que uma das amostras biológicas obtidas corresponda ao perfil genético de um homem, embora assegurem tratar-se de um dos vestígios no qual depositaram “menos esperança”.
Todavia, mesmo essa informação ainda não tinha sido ontem confirmada aos elementos da PJ, que se mantinham em contacto directo com os ingleses e com os peritos forenses.
Ainda de acordo com o que o CM apurou, as novas provas, relacionadas entre si, dão mais força à tese de morte no apartamento e dirigem a investigação para as pessoas que eram próximas da criança. A solução do mistério parece estar na comunidade inglesa, razão por que a troca de informações com a polícia britânica nunca assumiu tanta relevância como agora.
Entretanto, Olegário Sousa, porta-voz da PJ, admitiu ontem ao diário espanhol ‘El País’ a recolha de um vestígio num dos carros analisados durante a passada semana. A informação foi imediatamente difundida e causou profundo mal-estar na equipa de investigação, que guardava este “segredo” como uma última arma.
O ‘El País’ adianta ainda que a PJ também já aponta para um suspeito concreto, que pertencerá à comunidade britânica e que poderá ser um dos amigos dos pais de Madeleine, Kate e Gerry McCann. Afastada para já continua a hipótese de envolvimento dos familiares directos da criança, que não são considerados suspeitos pelos investigadores.
VIATURAS FORAM ALVO DE INTENSAS ANÁLISES
Na semana passada, a Polícia Judiciária realizou buscas intensivas às viaturas dos McCann, dos Murat e de alguns dos amigos que acompanharam os pais de Madeleine na viagem ao Algarve. Os carros foram mesmo levados para a garagem pública situada defronte das instalações da PJ de Portimão, cujo acesso foi vedado para permitir que as buscas decorressem com normalidade. Terá sido num desses carros que a PJ terá encontrado vestígios que poderão ser de Madeleine. A descoberta foi feita com recurso ao mesmo cão que também detectou a existência de sangue na parede do apartamento, admitindo a PJ que o cadáver da menina possa ter sido transportado naquela viatura.
Desconhece-se, no entanto, de que carro se trata, protegendo a investigação qualquer informação sobre o eventual suspeito. Refira-se ainda que nos mesmos dias, e além dos automóveis, os investigadores fizeram intensas buscas na casa de Robert Murat, onde também foram recolhidos vestígios. Se aqueles continuarem a não indiciar a presença da criança, as suspeitas sobre o inglês ficam cada vez mais distantes.
OS AMIGOS DOS MCCANN
A família McCann passou férias no Ocean Club com mais 12 pessoas (três famílias), entre as quais existe uma forte amizade. A Polícia cruzou os depoimentos e encontrou contradições, escreve o semanário ‘Sol’.
Dianne Webster (de 63 anos) é o elemento mais velho do grupo. Controladora de crédito, é a única testemunha a frisar que cada casal ficava responsável pelos próprios filhos, não entrando nos apartamentos dos amigos.
Fiona é filha de Dianne e casada com David há sete anos. Têm dois filhos. Foi ela quem organizou a viagem. O seu marido foi colega, na universidade, de um outro membro do grupo, Russell O’Brien. Ficaram amigos e Russell foi padrinho de casamento de Fiona e David.
Russell é casado com Jane Tanner, de quem tem dois filhos, sendo ela uma das testemunhas-chave do caso já que afirma ter visto, às 21h10 de 3 de Maio, um homem suspeito com uma criança ao colo. A essa hora, Gerry, pai de Maddie, estava na mesma rua a falar com um conhecido, Jeremy. Ambos negam ter visto Jane ou o homem com a criança
O grupo inclui ainda Rachel (advogada) e Matthew Oldfield (médico), que têm uma filha de 18 meses. Matthew foi colega de Gerry McCann num hospital de Leicester e tem pendente um caso de negligência médica.
CASA "MUITO MODESTA" E SEM "PISCINA"
No ‘blog’ onde escreve o diário, Gerry McCann garante que a casa que a família habita é “muito modesta”, “não tem piscina nem dois andares” e era “uma das mais baratas” disponíveis em Agosto. “Também quero realçarque o fundo de Madeleine não tem financiado a acomodação em Portugal”, esclarece Gerry.
O CASO VISTO EM INGLATERRA
'20 MINUTOS'
O jornal espanhol destaca a existência de cinco novas provas no caso encontradas nas viaturas inspeccionadas, que serão objectos e fibras têxteis.
'DAILY EXPRESS'
“Estamos a horas de encontrar a solução para o caso de Madeleine”, escreve o jornal inglês, citando Alípio Ribeiro, director nacional da Polícia Judiciária.
'DAILY MAIL'
O diário inglês realça que Kate e Gerry McCann disseram pela primeira vez aos gémeos, Sean e Amelie, que a irmã Madeleine está desaparecida.
'THE SUN'
O tablóide inglês sublinha as declarações de Alípio Ribeiro em que este afirma que os pais de Madeleine nunca foram suspeitos neste caso.
'THE TIMES'
Alípio Ribeiro é, mais uma vez, citado pela imprensa inglesa, desta feita dizendo que a Polícia não faz ideia do que terá acontecido à menina de quatro anos.
NOTAS
CHEIRO DE MORTE
Um dos cães utilizados pela polícia inglesa detectou um cheiro de cadáver no apartamento de onde Madeleine desapareceu, a 3 de Maio deste ano.
SANGUE NA PAREDE
Um vestígio de sangue, não visível a olho nu, foi encontrado por outro dos cães ingleses. A amostra foi recolhida e está a ser analisada em Inglaterra.
VESTÍGIO NO CARRO
O vestígio biológico encontrado no carro alvo de perícias poderá ser de Madeleine. A Polícia Judiciária acredita poder agora dar novo fôlego à investigação.