Jaime Gama foi reeleito pela maioria dos deputados da XI legislatura que agora começa. Depois de se dirigir ao plenário, foi a vez dos ainda líderes dos diferentes grupos parlamentares falarem e lembrarem que «os portugueses tiraram a maioria ao PS», nas últimas legislativas de 27 de Setembro. Algo que vai «tornar ainda mais importante» o trabalho na Assembleia da República.
Pouco passava das 15h quando a sessão plenária foi retomada. Após a Comissão Eventual de Verificação de Poderes, a quem competia verificar a regularidade formal dos mandatos dos deputados eleitos, apresentar o seu relatório aprovado «por unanimidade», foi a vez dos deputados começarem a votar para a eleição ou «reeleição» de Jaime Gama, como presidente da Assembleia da República (AR).
Voto em urna
Um a um, chamados por ordem alfabética, colocaram o voto em urna. Uma ocasião que permitiu a todos, deputados e jornalistas, «conhecer» os novos rostos - ligando os nomes a uma pessoa concreta.
Depois da lista subscrita pelo PS e pelo PSD - Alberto Martins (PS) e José Luís Arnaut (PSD) - com 22 deputados, a que se juntaram Pedro Mota Soares e Nuno Magalhães, do CDS-PP, a recondução de Jaime Gama era mais que esperada e ultrapassou os 116 votos necessários.
Depois de um pequeno intervalo para a contagem de votos, foi anunciada a reeleição de Jaime Gama. Votaram 228 deputados (dos 230). Houve 204 «sim»; 24 «brancos» e 0 «nulos». De pé, o hemiciclo aplaudiu o presidente reeleito.
Jaime Gama dirigiu depois algumas palavras ao plenário começando por «saudar os novos e as novas deputadas», garantindo que vai «exercer» a «função de novo investida» com a maior lealdade».
Sobre a XI Legislatura, considera que esta é «profundamente renovada, no plano político e na composição parlamentar, seja pelo número significativo de mulheres, como também pelo grande número de jovens presentes».
Jaime Gama prometeu ainda «bom senso, equilíbrio, equidistância e pluralidade, defendendo e afirmando a instituição parlamentar que preside». Quanto ao futuro projectou um maior investimento no canal parlamento, nas novas tecnologias de informação e nas energias verdes».
Mas o presidente reeleito lembrou os presentes que «estão ali todos ao serviço do país» e que a expressiva votação que lhe «deram» foi entendida como «um apelo à sua isenção como Presidente da Assembleia da República».
Palavra de «oposição»
Depois de Jaime Gama, foi a vez dos partidos. Começou Montalvão Machado, pelo PSD, que fez questão em enumerar o «meio milhão de votos» perdidos pelo PS, nas últimas legislativas, tal vez pela «simpatia e diálogo» que o anterior Governo, ainda em funções, «nunca teve». No final, prometeu que os sociais-democratas vão fazer «uma oposição forte, mas responsável e atenta aos superiores interesses do país».
Pedro Mota Soares, do CDS-PP, pegou nas palavras «parlamento renovado» utilizadas por Jaime Gama, para também ele lembrar que «o país escolheu terminar com a maioria absoluta no Parlamento». E que o novo executivo terá, agora, de «encontrar compromissos políticos».
Já para o Bloco de Esquerda, na voz de Luís Fazenda, o facto de «nenhum partido ter maioria, dará uma maior qualidade e eficácia ao debate político».
Para o PCP, «a maior expressividade dada a cada uma das forças políticas dar-lhe-à [à Assembleia da República] um papel mais importante».
O PS, fechou os discursos com Alberto Martins. «Na hora da despedida», o ainda líder parlamentar rosa lembrou os deputados que é necessário colocar «o bem comum acima dos bens partidários».
Pelo Executivo, ainda em funções, falou o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva. «Saudou» os novos deputados e disse acreditar que o Parlamento «vai continuar a melhorar o seu desempenho na vida política».