Ana Júlia tem quatro anos e meio e uma doença rara que a vai deixando cada vez mais debilitada. Sem dinheiro, os pais decidiram lançar uma campanha de reciclagem de plástico que, a ter empresas que ajudem, possibilitará a compra de uma cadeira de rodas.
foto Henriques da Cunha/Global Imagens |
Tinha 15 meses quando lhe foi diagnosticada "distrofia neuroaxonal infantil", uma doença rara marcada pela perda gradual de competências a nível medular. Ana Júlia, que começou a falar cedo e que corria pela casa, está agora sem forças para segurar a cabeça ou qualquer membro.
Sem saber - porque ninguém sabe - quanto tempo de vida tem ainda Ana Júlia, os pais Rui e Alice têm feito de tudo para que a menina vá tendo "alguma qualidade de vida". E, para isso, necessitam, com urgência, de uma cadeira de rodas especial.
Depois de baterem à porta da Segurança Social - que autorizou pagamento, mas ainda não tem verba disponível -, Rui soube, através da escola que a filha frequenta, das campanhas de solidariedade feitas a partir da reciclagem de plástico.
"A solidariedade nesta escola é natural e, por isso, nem precisamos de estimular os alunos, porque eles estão muito habituados à diferença". A garantia é dada pela coordenadora da Escola EB1/JI da Cruz da Areia, que revela a existência de "meninos diferentes" dentro do espaço. "Esta comunidade escolar vive e convive naturalmente com crianças com dificuldades especiais profundas", assegura Anabela Oliveira.
Francisca Reis e o pai Paulo, conseguiram que família e amigos começassem a reciclar e quase diariamente levam para a escola a solidariedade recolhida.
Com tampas, garrafas e garrafões a chegarem a casa, Rui Sobreiro conseguiu há poucos dias a ajuda de uma empresa de Porto de Mós. "A Sirplaste tem comprado as tampas de plástico, mas falta ainda alguém que compre o pet (garrafões e garrafas)", explica, adiantando que apenas tem conhecimento de uma empresa que adquire este tipo de produtos, mas por se localizar em Portalegre, dificulta o transporte das toneladas de plástico que já juntou em casa.
Segundo Rui, a Valorlis, empresa de tratamento de resíduos de Leiria, "não paga pelo plástico", contrariamente ao que sucede com outras, mas que "só aceitam comprar a quem viva nos concelhos que abrangem".
Apostado em juntar dinheiro para ajudar a filha, Rui continua a acreditar que a reciclagem pode ser sinónimo de solidariedade.
JN
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