Onze por cento da área total de pinheiro-bravo no território de Portugal Continental já é afectada
A presença do nemátodo da madeira do pinheiro (NMP) - doença que se propaga através de um insecto entre os meses de Abril e Outubro, enfraquecendo e originando a morte das árvores - foi detectada em 52 concelhos, indicam dados do Ministério da Agricultura a que o DN teve acesso, estimando-se que a área afectada seja superior a 88 mil hectares (11 por cento da área total de pinheiro-bravo no território de Portugal Continental).
Os distritos mais atingidos são os de Coimbra, Santarém, Viseu e Setúbal. Apesar da criação de faixas de contenção, novos focos da doença foram detectados em 2008 nos concelhos de Arganil e da Lousã, tendo posteriormente sido descoberta a presença deste organismo em vários outros concelhos da região centro, "exteriores à zona de restrição legalmente estabelecida". Em 2009, foram identificadas e marcadas para abate cerca de 600 mil árvores hospedeiras do NMP, a maior parte das quais evidenciando sintomas de declínio.
De acordo com fonte do Ministério da Agricultura, "por uma questão de precaução, só após três anos de resultados negativos numa freguesia previamente considerada afectada [é que] esta passa a ser isenta". É por esta razão que a área de pinheiro-bravo em Boticas, por exemplo, continua a ser incluída na lista apesar de a presença de nemátodo não ter sido detectada em 2009.
Os números da Autoridade Florestal Nacional (AFN) comprovam um aumento da percentagem de resultados positivos: passou de 2,3 por cento em 2008 para 9,2 por cento em 2009 (havendo ainda casos em que foi solicitada a repetição de análises). No Alentejo, 27,8 por cento das amostras recolhidas estavam infectadas com NMP. Nas regiões Norte e Algarve não foi descoberto qualquer caso.
"Este aumento não é necessariamente um indicador linear do aumento da expressão da doença da murchidão dos pinheiros no País, reflectindo antes a estratégia de intensificação da amostragem em torno das áreas positivas com o propósito de determinar as extremas das áreas afectadas", assinala a AFN.
A mesma fonte indica que a percentagem de infecção "continua a ser baixa perante os cenários de declínio presentes no terreno", o que pode significar a presença de "outros agentes de declínio" da floresta de pinheiro-bravo, "sendo premente a eliminação das árvores afectadas". Dos exemplares marcados para abate - entre os quais se incluem árvores sãs localizadas num raio de 50 metros em torno de árvores infectadas para tentar controlar a propagação da doença - foram removidos cerca de 65 por cento (incluindo a totalidade das 30 mil árvores assinaladas no Perímetro Florestal do Buçaco).
Em declarações ao DN, o secretário de Estado das Florestas, Rui Barreiro, diz que a área de propagação do nemátodo se encontra "bem definida e contida", o que não invalida que possam surgir "novas árvores com sintomas de declínio", pelo que a situação "deve continuar a manter a preocupação dos governantes e dos responsáveis técnicos", apesar de não ser "caso único na Europa e no mundo".
"Temos aumentado a prospecção de forma a tentar circunscrever o mais possível o crescimento da área infectada com nemátodo, mas não podemos esquecer que vivemos num mercado globalizado onde a circulação de mercadorias se faz assente em paletes, a maior parte delas de pinho". Por isso, Rui Barreiro aponta a fiscalização como um "aspecto essencial" (em 2009 foram fiscalizadas 20 mil viaturas e detectados 492 casos de incumprimento), a par da gestão sustentável da floresta ("uma floresta bem gerida tem obrigatoriamente de conseguir suster alguns dos surtos de problemas fitossanitários") e do investimento em investigação
DN
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