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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Terrorismo nuclearé a nova ameaça para o século XXI

Terrorismo nuclearé a nova ameaça para o século XXI

Há 65 anos, um bombardeiro americano largava sobre esta cidade japonesa uma bomba com uma capacidade destruidora inédita. Este facto marcou o início de uma era em que a nova tecnologia se revestiu de um valor simbólico único e demonstração do supremo poder militar.

Em Abril de 2000 foi detectada e apreendida cerca de uma tonelada de material radioactivo dissimulado num camião de ferro-velho que viajava do Cazaquistão para o Paquistão.

O material emitia um nível de radiação suficiente para afectar o organismo humano, ainda que não fatalmente. Mas, sobretudo, provava ser possível transportar clandestinamente material nuclear, pelo menos da ex-União Soviética.

Os Estados da ex-URSS não são a única causa de preocupação. Um grupo terrorista bem preparado pode obter o equivalente a oito quilos de plutónio ou cerca de 25 quilos de urânio enriquecido, quantidades suficientes para produzir uma bomba atómica, segundo os especialistas. Plutónio ou urânio enriquecido que circulam em largas quantidades no âmbito do nuclear civil, ou que se encontram em instalações cuja vulnerabilidade em matéria de segurança tem sido identificada na última década.

A possibilidade de um grupo terrorista, a Al-Qaeda ou outro, dotar-se de uma arma nuclear é a mais recente herança da idade atómica nascida, em Agosto de 1945, com as bombas de Hiroxima e Nagasáqui. Uma arma que possui todo um "poder simbólico e político", como reconhecia recentemente Barack Obama, e que por isso mesmo é desejada pelos grupos terroristas. Por isso, como resulta das conclusões da recente cimeira de Washington, todos os materiais nucleares civis e militares devem estar sujeitos a excepcionais medidas de segurança. Porque se o número de Estados com poder nuclear militar é reduzido (ver gráfico), o número de países que prosseguem programas nucleares civis é hoje significativo.

A cimeira de 12 e 13 de Abril em Washington abordou este mais recente perigo resultante da sombra nuclear que continua a pairar sobre o mundo, como referiu o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na sua intervenção do passado dia 6 em Hiroxima.

A cimeira deixou bem claro que o terrorismo nuclear é uma possibilidade, ainda que remota, ao mesmo tempo que consagrou um claro envolvimento dos EUA, Rússia e restantes 45 Estados presentes no reforço das condições de segurança em tudo o que respeita a materiais e armas nucleares.

Uma segurança que está longe de adquirida. Nos documentos preparatórios da cimeira eram referidos "18 casos conhecidos de roubo ou desaparecimento de urânio enriquecido ou plutónio". Este é um detalhe importante, pois sendo unanimemente reconhecido que os grupos terroristas estão longe de possuir a tecnologia necessária - a não ser que apoiados por um Estado nuclear - para percorrerem todas as etapas até à arma nuclear, o acesso ao plutónio ou urânio permitir-lhes-ia ultrapassar o obstáculo mais difícil nesse caminho.

A ameaça das "bombas sujas", feitas a partir de materiais radioactivos, foi também analisada em Washington, concluindo-se que esta é mais real e próxima do que a nuclear, devido ao nível menos sofisticado da tecnologia para a sua elaboração.

Se o "equilíbrio do terror" foi dissuasor suficiente durante a Guerra Fria, hoje é o terror da ameaça que pode desequilibrar o conflito entre terroristas e democracias.

DN

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