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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

'Software' lê textos em línguas da CPLP

'Software' lê textos em línguas da CPLP

Projecto vai ainda disponibilizar uma base de dados na Internet com as múltiplas variantes da língua portuguesa.

As pessoas com mais dificuldade em ler têm, muitas vezes, de usar plataformas da Internet que traduzem o texto para palavras. Mas o resultado nem sempre é o mais agradável, com o computador a devolver uma voz impessoal que por vezes não consegue distinguir as palavras das diferentes formas do português. Para resolver esse problema, uma equipa de investigadores de várias universidades de Portugal, Brasil e Reino Unido estão a desenvolver um software, inspirado numa ideia inglesa, que distingue e aplica as diversas formas de falar o português, seja do Brasil, de Angola ou de Portugal. Ligado a esta ideia vem ainda um léxico oral dos diferentes dialectos, que poderá ser consultado na Internet.

"Diga-se que alguns dos dialectos, como sejam os dialectos luso--africanos e luso-asiáticos, bem como alguns dialectos de Portugal e do Brasil, nunca foram alvo de descrição por parte dos linguistas. Assim, esperamos abrir a porta para um novo campo de estudos que explorem como a língua portuguesa é falada actualmente no mundo", explicou ao DN Simone Ashby, coordenadora do projecto. A investigadora trouxe conhecimento de um projecto semelhante que foi feito no Reino Unido, o Unisyn, que adopta, para a lusofonia, a sigla de LUPo - Léxico Unisyn do Português (ver caixa).

O projecto vai ter a duração de três anos e a ideia é que, para já, consiga gerar pronúncia para dez variedades do português, incluindo as variantes-padrão de Lisboa, São Paulo e Rio de Janeiro e as variedades de África e Ásia. "Esperamos que possamos ter a oportunidade de estudar e gerar mais dialectos da língua portuguesa", acrescentou Sílvia Barbosa, investigadora do projecto ligada ao Instituto de Linguística Teórica e Computacional.

Actualmente já se começou a recolha das pronúncias, por meio de voluntários. "Recorremos à gravação de voz de falantes nativos das zonas cujos dialectos pretendemos descrever para construir um sistema mais robusto e completo de cada dialecto. Esta informação é interpretada pelo computador através de scripts de conjuntos de regras independentes da pronúncia que são aplicadas ao léxico", conta Simone Ashby.

O software poderá ser, no futuro, instalado no computador de cada um, ou usando um interface que estará disponível no site do Portal da Língua Portuguesa (www.portaldalinguaportuguesa.org).

O LUPo teve início em Março de 2010 e será desenvolvido durante os próximos três anos, no ILTEC, em Lisboa. O projecto conta ainda com a parceria de consultores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade de São Paulo (USP), no Brasil e Universidade Edimburgo no Reino Unido.

DN

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