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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Arriscam a pagar para usar terrenos que lhes pertencem

Dezenas de habitantes de Vouzela correm o risco de ter de pagar para entrar nos próprios terrenos. Como é isso possível? Pagando portagens para circular na A25, num troço construído em parcelas que lhes foram expropriadas, há cinco anos, mas que ainda não foram pagas.


Arriscam a pagar para  usar terrenos que lhes pertencem
A25 foi inaugurada em 2005 com a promessa de que todos os proprietários receberiam o dinheiro devido pela expropriação de terrenos

Em finais de Julho, o presidente da Câmara Municipal de Vouzela, Telmo Antunes, indignava-se com o atraso de cinco anos no pagamento dos montantes relativos às expropriações dos terrenos atravessados pela A25.

Numa altura em que a discussão sobre a aplicação de portagens na auto-estrada que liga Aveiro a Vila Formoso subia de tom, o autarca alertava para o risco de uma “enorme perversidade”: os munícipes do seu concelho terem de pagar portagem para circular nos terrenos que (ainda) lhes pertencem.

“Disse e repito. Esse é um risco real que continua a pesar sobre muitos munícipes do meu concelho. Espero que as portagens não sejam aplicadas na A25. Mas se tal vier a acontecer, é bom que, antes disso, os terrenos sejam todos pagos”, avisa Telmo Antunes, presidente da Câmara Municipal de Vouzela.

No ofício enviado em Julho à empresa Estradas de Portugal (EP), Telmo Antunes dava conta das reclamações feitas por munícipes das freguesias de Cambra, Campia, Queirã, Paços de Vilharigues e Ventosa.

No mesmo documento, o autarca lembrava a promessa do primeiro-ministro, em Outubro de 2005, na cerimónia de inauguração da A25, de que todos os proprietários seriam ressarcidos daquilo a quem tinham direito.

“A EP pediu à Câmara, em resposta ao nosso ofício, uma relação de todos os credores. Um trabalho que não deveria ser feito por nós, mas que estamos a tentar concretizar em colaboração com as juntas de freguesia afectadas. Logo que esteja pronto, será enviado àquela entidade”, anunciou ontem o autarca. O JN pediu e aguarda esclarecimento da empresa.

José Macário ainda está “a arder” com um pinhal de 3 mil m2 que lhe foi expropriado. E nem lhe passa pela cabeça ter de pagar portagem para “entrar” naquilo que é seu. “Antes disso, quero o dinheiro no bolso”, avisa. Mas é enquanto presidente do Conselho Directivo de Baldios de Vasconha que aumentam as preocupações de José Macário.

“Expropriaram terrenos ao povo, no valor de 150 mil euros, que ainda não pagaram. Pagam só a alguns e aos bochechos. Estamos a contar com esse dinheiro para construir uma casa mortuária em Vasconha”, diz o dirigente.

JN

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