Clorofila do fitoplâncton dá um tom verde aos oceanos e influencia as tempestades
O azul do mar não é mesmo azul, azul. De forma mais leve, ou mais acentuada, ele tem matizes esverdeadas e isso deve-se à presença de clorofila, o pigmento verde que ajuda os organismos unicelulares que povoam os oceanos - o fitoplâncton - a transformar a luz do sol em energia. Um grupo de investigadores dos Estados Unidos descobriu agora que quanto mais verde o oceano maior a possibilidade de se formarem furacões. Ou tufões, na designação a Oriente.
A cor dos oceanos tem uma influência decisiva sobre os furacões, segundo a equipa coordenada por Anand Gnanadesikan, da NOAA, a agência dos EUA para os oceanos e atmosfera, que publicou os resultados na Geophysical Research Letters.
Os investigadores fizeram uma simulação por computador, utilizando o Pacífico Norte, uma região oceânica onde se formam cerca de metade dos ventos ciclónicos (que sopram a mais de 117 km por hora), e descobriram que uma mudança do verde para o azul diminui em 70 por cento a formação daquelas tempestades nessa zona.
"Pensamos nos oceanos como sendo azuis, mas eles são mais verdes do que outra coisa", afirmou o coordenador do estudo, sublinhando que "isso tem um impacto directo na distribuição dos ciclones ".
O estudo focou-se sobre os efeitos simulados de uma diminuição da população de fitoplâncton, o que induziria também uma redução da intensidade da cor verde no oceano.
A hipótese não surge do nada, já que estudos recentes indicam que as populações de fitoplâncton, a base de toda a cadeia alimentar nos oceanos, estão a diminuir desde há um século.
Os cientistas partiram das concentrações de clorofila no Pacífico Norte actualmente observadas por imagens de satélite e compararam-nas com um cenário de águas desprovidas de plâncton.
A ausência de plâncton, e portanto da cor verde, afectou, na simulação feita, a formação de ciclones, ao modificar a circulação do ar e a distribuição do calor nessa região oceânica, mas também fora dela. Assim, na zona do Pacífico Norte considerada, a formação de ciclones caiu 70 por cento, mas nas áreas adjacentes houve um aumento de 20 por cento na sua formação. Na ausência de clorofila, os raios solares penetram mais fundo na água, e a superfície fica mais fria, o que tira intensidade às tempestades.
DN
Sem comentários:
Enviar um comentário