PIB cresceu 0,2% no segundo trimestre. Pior só a Grécia, Letónia e Hungria.
A economia portuguesa está à beira de nova crise - o produto interno bruto (PIB) cresceu apenas 0,2% no segundo trimestre do ano, depois de ter registado uma expansão de 1,1% nos primeiros três meses do ano. Pior só a Grécia (-1,5%), a Hungria (0%) e a Letónia (+0,1%). A desaceleração da procura interna, em resultado do pacote de austeridade, incluindo aumento de impostos, e o balanço negativo entre exportações e importações explicam, segundo o INE, o brutal arrefecimento.
A oposição reagiu com preocupação aos números. PSD e PCP falam em "estagnação"; CDS-PP e Bloco de Esquerda responsabilizam as medidas de austeridade e o PEC pelo "abrandamento". Os economistas dividem-se: uns, prevêem ser "muito difícil" atingir o objectivo de crescimento de 0,7% fixado pelo Governo; outros, acreditam na recuperação, graças ao "puxão" da locomotiva alemã.
O Governo, por seu lado, desvaloriza os dados trimestrais. O primeiro-ministro congratulou-se mesmo com o relatório do INE. "A economia portuguesa está a recuperar com níveis que são quase o dobro do previsto pelo Governo no início do ano", sublinhou José Sócrates, referindo ao crescimento homólogo de 1,4%. "Isso é, obviamente, um factor muito positivo de esperança, ainda mais quando sabemos que esses valores têm sido acompanhados por um crescimento das exportações muito significativo", sublinhou Vieira da Silva, o ministro da Economia.
A travagem a fundo não surpreendeu os economistas, que esperavam, até, números piores. Ao DN, Patinha Antão considerou os dados "expectáveis". "O segundo trimestre foi o período mais agudo das dificuldades de refinanciamento dos bancos, com consequência directa nas empresas e famílias." O economista antecipa que o terceiro trimestre possa ser "mais positivo" do que o esperado, dada a evolução da economia alemã, com consequências positivas no turismo e exportações, mas teme mais dificuldades no quarto trimestre, com a discussão orçamental e o agravar do clima de incerteza. "Não me surpreenderia que [o PIB] andasse próximo do zero", diz.
"O objectivo de 0,7% do Governo ainda é plausível, mas difícil", defende Filipe Garcia, da IMF. "Todos os indicadores mostram uma desaceleração global. E a economia portuguesa vai ser contagiada. O segundo semestre vai ser pior", prevê.
DN
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