PJ anunciou ontem fim de investigação que culminou com detenção de suspeito de sequestrar quatro jovens. Ficou em liberdade
Nos últimos três anos, 20 indivíduos foram recrutados, na zona raiana da Guarda, para servirem como "mão-de-obra escrava" na agricultura, em Espanha. "Ludibriados e enganados" os trabalhadores, "normalmente jovens, estão numa posição frágil e, aliciados com promessas de trabalho bem pago, acabam nas mãos de indivíduos de etnia cigana que praticam aquilo que a PJ considera um "modus operandi típico na raia".
Ontem a PJ anunciou a conclusão de mais uma investigação e indiciou um indivíduo de 27 anos dos crimes de sequestro, escravidão e tráfico de pessoas contra quatro pessoas, escravizadas numa quinta em Logroño. A investigação da PJ, "uma fotocópia de tantas outras", permitiu deduzir acusação contra um indivíduo de 27 anos, residente no Sabugal, responsável por ter escravizado quatro jovens, de 2007 a 2009, em Espanha.
As vítimas, com idades entre os 21 e os 27 anos, "estavam à guarda de uma instituição social, em Pinhel e foram aliciados para trabalhar na agricultura, em Espanha, com a promessa de bons salários, alojamento e alimentação", adiantou fonte da PJ.
Um crime que na raia é praticado por "clãs radicados nas zonas de Alfândega da Fé, Belmonte, Bragança, Moncorvo e Sabugal, ligados à venda ambulante, o que lhes facilita os movimentos na zona da fronteira". Quando há mais trabalho na agricultura espanhola, nos meses de calor, recrutam estes jovens, "desempregados, com uma vida frágil que aceitam trabalhar em troca de bons salários que não se concretizam".
Os jovens foram recrutados para trabalhar em Logroño mas, ao invés de boas condições, foram "obrigados a trabalhar de sol a sol em Espanha, entre 2006 e 2009, sem receberem salário e sujeitos a períodos de escravidão". "As vítimas trabalhavam largas horas, sob ameaças físicas e viviam em condições miseráveis." Um dos indivíduos conseguiu fugir e regressar a Portugal onde apresentou queixa. Em conjunto com a Guardia Civil a PJ resgatou três outros jovens "de uma quinta, onde estavam sem documentos e sob coacção".
O suspeito, de 27 anos, residente no Sabugal, foi constituído arguido por tráfico de pessoas, sequestro, escravidão e ofensas à integridade física e vai aguardar julgamento em liberdade. Nos últimos três anos a PJ "fez várias investigações que permitiram libertar 20 indivíduos, que passam fome, vivem mal e em coacção permanente".
DN
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