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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Falta de doentes leva dentistas a fazer promoções

Falta de doentes leva dentistas a fazer promoções

A escassez de dinheiro leva cada vez menos pessoas a tratar dos dentes. Médicos procuram soluções para enfrentar o problema

A crise está a levar os portugueses a deixar de ir ao dentista ou a não pagar as consultas nem os tratamentos. Em dois anos, a procura desceu 20%, e já há clínicas dentárias em risco de fechar. Para captar doentes, os dentistas desdobram--se em soluções: fazem promoções, aceitam pagamentos faseados ou créditos e promovem os serviços em todo o lado, até à porta das estações do metro ou em troca de pontos nas gasolineiras.

A quebra da procura é denunciada pelo bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas. Orlando Monteiro da Silva diz que muitos colegas estão com dificuldade em manter o consultório porque os doentes são menos, suspendem tratamentos ou simplesmente não os pagam. "Sempre houve isto, de forma residual. Agora há um grande aumento." O bastonário salienta que a quebra verifica-se também porque os doentes optam por tratamentos mais simples - como próteses removíveis e não fixas - ou só em casos urgentes, deixando para depois as soluções de longo prazo.

"Não tenho dúvidas de que é por causa da crise", diz sem apontar o número de clínicas em risco. Apesar de reconhecer as dificuldades, Orlando Silva lamenta a atitude dos colegas que publicitam os serviços de forma enganosa ou usam práticas incorrectas. "Os honorários publicitados pelas clínicas que distribuem folhetos à porta do metro não são possíveis de praticar com o mínimo de qualidade." Alguns profissionais usam ainda publicidade comparativa, apresentando-se como especialistas em determinada área ou detentores de técnicas inovadoras.

Os jovens que acabam o curso, optam por emigrar. Só em Inglaterra, diz Monteiro da Silva, estão actualmente mais de 500.

Há mais de 20 anos que é dentista na zona do Porto. Mas está longe do rendimento que tirava há meia dúzia de anos e tem semanas em que as consultas marcadas reduzem-se a metade. "Tenho dias com 10 ou 12 consultas confirmadas e só aparecem quatro ou cinco pessoas", conta ao DN o dentista de 48 anos, que não se identificou.

As longas listas de espera já não existem. "Hoje não", diz, reconhecendo que as pessoas não têm mais capacidade financeira para tratar os dentes. "Têm dificuldades e retraem-se. Não sei como é que quem recebe 500 euros consegue chegar ao fim do mês, quanto mais ir ao dentista".

Por isso, ele próprio procura enganar a crise como pode. "Na primeira quinzena do mês temos mais trabalho do que nas duas últimas. Procuro distribuir as consultas pelo mês. Havia pessoas que vinham três e quatro vezes por mês e agora só aparecem uma. O que acontece mais é pedirem para pagar em três ou quatro vezes. Eu permito mas até com pessoas conhecidas há dissabores."

Dissabores que passam pelo não pagamento da conta ou por tratamentos que ficam a meio. Há ainda pessoas que não voltam por vergonha de não poderem pagar. Apesar de ter o consultório só por sua conta, está decidido a não fazer acordo com seguradoras. "Prefiro ter mais tempo para os meus utentes. No futuro não sei". Mas há casos piores: "Colegas que preferem fazer acordos com seguradoras e receber pouco em vez de nada. Há jovens que são explorados, com pagamentos a recibo verde e à percentagem por tratamento. Tiram 9 euros por consulta e têm de pagar IRS e segurança social", diz.

DN

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