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terça-feira, 20 de julho de 2010

Portugueses e brasileiras lideram casais mistos

Maria Inês e Manuel casaram-se este ano, depois de uma 'série de  felizes coincidências' e de muitos 'e-mails' e mensagens

Em 2009, realizaram-se 4634 casamentos de portugueses com estrangeiros, 11,5% do total das uniões.

Maria Inês Salla e Manuel Varanda casaram-se em Abril. Uma brasileira que veio a Portugal de férias e que aqui encontrou "o grande amor". "Não vim aqui para me casar", garante, embora reconheça que existem muitas conterrâneas que "dão o golpe" para conseguirem a legalização. Em 2009, as uniões entre portugueses e brasileiras constituíram 48% dos casamentos mistos, a que se somam 11% de brasileiros com portuguesas, num total de 4634.

As uniões oficiais entre portugueses e cidadãos estrangeiros diminuíram no último ano, seguindo a tendência da população portuguesa em geral. Mesmo assim, significam 11,5% do total. E continuam a ser os homens portugueses que mais se casam com estrangeiras, sobretudo com brasileiras (2216). Seguem-se as esposas do Leste europeu, em particular as ucranianas (76) e as russas (54), mas num número bastante inferior às oriundas do Brasil. E embora esta seja a comunidade com mais imigrantes no País (116 220, seguindo-se os ucranianos com 52 293), a proporção das que se casam com nacionais é bem superior.

"Muitas casam-se para ter os papéis. Só percebi isso quando comecei a tratar da documentação para o meu casamento e as pessoas diziam que me tinha saído a sorte grande. A minha realidade é outra. Tinha uma boa vida no Brasil, um apartamento em São Paulo e outro na praia, mas amo o meu marido e isso é que é importante", diz Maria.

Conheceram-se no dia 10 de Janeiro de 2009 e casaram-se 15 meses depois. E, na sua história de amor, surge uma série de coincidências que a fazem acreditar que estavam "destinados" um para o outro. Maria, 48 anos, licenciada em Propaganda e Marketing, e Manuel, 54, pasteleiro, estavam ambos divorciados há dez anos e com filhos já adultos. Ela tem dois, ele três e uma neta.

Maria vivia no Brasil. Iniciou viagem em finais de 2008, acompanhada pela filha, com destino a Inglaterra, onde estava o filho, e com passagem por várias países, nomeadamente por Portugal. Queria fazer o percurso do irmão, que aqui morrerra em 1982. Ficou na casa de um primo e, no segundo dia da visita, cruzou-se com o Manuel. "Chamou-me a atenção", recorda Maria.

Entretanto, acabou por não seguir viagem para Inglaterra porque caiu na estação de metro da Baixa-Chiado. "A minha filha seguiu, o meu primo também viajou, e, como fiquei sozinha, decidi fazer limpezas. Meti todos os aparelhos eléctricos a funcionar e pegou fogo. Corri para o apartamento em frente a pedir ajuda e quem me abriu a porta foi o Manuel". O vizinho tranquilizou-a, e, mais tarde, ela viajou para o Brasil, deixando-lhe um cartão de agradecimentos. "Chorei muito, parecia que estava a deixar alguém para trás."

A empatia foi recíproca, percebeu depois, mas foi ela a dar o primeiro passo, escrevendo-lhe uma carta. E passaram a comunicar, e a namorar, por e-mail e mensagens.

E como é que a família do marido reagiu?

"Existe um preconceito grande em relação à mulher brasileira. E ele tinha uma pessoa próxima que trocou a mulher por uma brasileira, e, depois, ela deu o golpe e levou-lhe tudo. Estavam de pé atrás, mas quando a minha sogra me viu, foi muito carinhosa. E os filhos também me aceitaram muito bem", conta. E não tem problemas em tornar público o seu caso, "é uma prova de amor".

Os dados de 2009 do Instituto Nacional de Estatística indicam uma diminuição de casamentos de portuguesas com paquistaneses (15 contra 385, em 2008) e com indianos (23 contra 143), facto que pode ser justificado pela acção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras contra as uniões "por conveniência", proibidas por lei. No ano passado, foram desmanteladas duas importantes redes que promoviam estes casamentos.

DN

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