Biólogos observaram pela primeira vez este comportamento no Pólo Sul.
Uma equipa de biólogos marinhos conseguiu observar, pela primeira vez, orcas a caçar e a comer pinguins nos mares da Antárctida. Segundo os investigadores, aqueles cetáceos poderão alimentar-se ali regularmente destas aves.
Já se tinha observado antes que esta espécie de cetáceo carnívoro caçava pinguins ocasionalmente, mais para norte, nas ilhas subantárcticas. Mas esta foi a primeira observação deste tipo no Pólo Sul. Além disso, há indícios de que esse comportamento alimentar pode ser ali algo habitual.
"Se os pinguins são regularmente atacados pelas orcas na Antárctida, o impacto nas suas populações pode ser significativo", escrevem os autores Robert Pitman e John Durban, do National Marine Fisheries Service, dos EUA, num artigo publicado na revista científica Polar Biology.
As observações, que foram feitas na região da península ocidental da Antárctida, durante o mês de Fevereiro, permitiram perceber que as orcas se alimentaram sobretudo de duas espécies de pinguins, os Pygoscelis papua, cujo nome comum é pinguim-gentoo, e o Pygoscelis antarctica, vulgarmente conhecido por pinguim-de-barbicha.
Dos três tipos de orca que se conhecem, só uma foi observada a alimentar-se de pinguins, havendo indícios de que a maior de todas também o poderá fazer.
Estão descritos três tipos de orca. As de tipo A, as maiores de todas, comem sobretudo baleias-anãs; as de tipo B, que são mais pequenas, alimentam-se principalmente de focas, e as C, também de menor dimensão, adoram especialmente atum.
Foram as orcas de tipo B que os biólogos viram a alimentar--se de pinguins.
"Esperávamos vê-las a alimentar-se de focas e de baleias-anãs da Antárctida", explicou Robert Pitman à BBC News online. Mas, sublinhou, "ficámos bastante surpreendidos por vê-las a caçar também pinguins".
Nas suas observações, os biólogos verificaram ataques a pinguins em três dias diferentes por parte das baleias de tipo B.
Na maior parte dos casos, as orcas comiam apenas os músculos do peito, deixando a pele e os ossos para trás. E esta poderá ser a razão por que nunca antes, em observações do interior do estômago de orcas, se tinham encontrado restos de pinguins.
"Ficámos surpreendidos ao verificar que as orcas podiam comer quatro a seis quilos de carne de pinguim de uma vez, mas a maior surpresa foi perceber que elas estavam sobretudo interessadas em comer apenas os músculos", escolhendo a melhor parte, "muito como os humanos fazem", disse Robert Pitman, citado BBC News.
Na sua caça aos pinguins, as orcas faziam-no por vezes em grupo, e depois removiam cuidadosamente as penas e a pele para chegarem à carne do peito.
Os investigadores pensam que esta caça poderá ser feita numa base regular, e que por isso poderá ter impacto na população daquelas aves.
DN
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