Parece uma discussão de namorados. Ele diz sim, ela diz não. Traduzindo, enquanto o El Niño aquece as águas do Pacífico, a La Niña arrefece. Nesta guerra dos sexos, a La Niña parece que vai vencer a batalha dos próximos tempos.
Meteorologistas citados pela Reuters dizem que o El Niño está terminado e que La Niña vai agora surgir em força, afectando as plantações de café no Brasil, de trigo na Argentina e de cana no Peru.
«Eu e muitos cientistas esperamos que o actual El Niño deixe o cenário em breve», disse Bill Patzert, oceanógrafo do Laboratório de Propulsão a Jacto da Nasa, na Califórnia, acrescentando que «o que vem em seguida não está claro, e um regresso à irmã gémea do El Niño, La Niña, certamente é uma possibilidade».
O La Niña arrefece as águas do oceano e consequentemente diminui a possibilidade de precipitação, o que provoca secas. Peru, Equador, Chile, Argentina e a parte sul do Brasil registam climas mais secos em anos de La Niña, que é apelidada na região de «diva da seca».
Por país, vejamos o caso da Argentina. A previsão da colheita de soja é de um recorde de 54,8 milhões de toneladas, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Agora, a La Niña pode ser uma ameaça.
Também a cultura do trigo pode estar em risco. O cereal, plantado em Maio e Junho, pode sofrer os efeitos da seca caso o La Niña atinja o país, um dos cinco maiores produtores do mundo.
Já o Brasil, o maior produtor mundial de café, açúcar e sumo de laranja, e segundo maior de soja, pode também estar em maus lençóis.
«O fenómeno La Niña traz riscos que podem influenciar os preços do café e de outros produtos», disse Álvaro Camargo, da Link Investimentos, de São Paulo, já que as geadas provocadas pelo fenómeno podem podem danificar os cafezais.
Resta então aguardar a evolução do La Niña nos próximos dois meses para poder avaliar as consequências, mas a verdade é que a América do Sul está em estado de alerta.TVi24
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