Uma jovem surda, de 15 anos, foi retirada aos pais por suspeitas de abuso sexual. Da casa onde vivia foram também levados a irmã, grávida e maior de idade, e o filho desta, com apenas quatro anos. O suspeito é o próprio pai das duas raparigas.
O caso está a ser investigado pela Directoria do Sul da Polícia Judiciária (PJ). O pai das raparigas ainda não foi ouvido pelos inspectores, que aguardam pela conclusão de exames periciais feitos às alegadas vítimas.
O caso foi conhecido há poucas semanas quando "Andreia" (nome fictício) contou aos professores o horror que garantiu ter vivido em casa. Depois de mais um dia de aulas, a jovem de 15 anos regressou à modesta habitação, numa freguesia de Faro, onde residia com a família. Desconhecia que aquele seria um dos últimos dias que iria viver em paz.
O pai ter-se-á aproveitado de uma ocasião em que estava sozinho com a filha para acariciar-lhe os seios. Já teria tentado fazê-lo noutra altura, mas a menina conseguiu escapar. Assustada, "Andreia" acabou por escolher como confidente a irmã mais velha, "Gabriela" (nome fictício), também ela surda. Nessa altura, a rapariga de 27 anos terá ganho coragem para revelar um segredo que guardara até então. "Contou que o filho de quatro anos é fruto de uma alegada violação por parte do pai de ambas, tal como o bebé que carrega na barriga", apurou o JN junto de uma fonte ligada ao processo.
"Andreia" temeu que o mesmo lhe acontecesse e, no dia seguinte, desabafou com os professores. O alerta às autoridades não demorou. A situação foi sinalizada, considerada de risco - por haver suspeitas de abuso sexual - e, por isso, urgente. Acompanhados pela GNR, elementos da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) foram à casa da menor para retirá-la aos pais. Segundo uma testemunha, quando viu os militares, "Andreia" apressou-se a ir buscar o bilhete de identidade e correu para a viatura da guarda.
A menina começou por estar inicialmente aos cuidados de uma instituição longe do meio em que está inserida. Actualmente, e por decisão do Tribunal de Família e Menores, está numa outra em Faro, o que permitiu o regresso à escola e ao contacto com professores e colegas. "Andreia", que por ser surda tem necessidades educativas especiais, "está a tentar viver o mais próximo da normalidade e não fala sobre o que aconteceu", soube o JN. Uma tia e a própria mãe tentaram contactá-la na escola, mas estão impedidas por ordem judicial.
Fonte da CPCJ confirmou que a situação está a ser acompanhada, mas oficialmente não foi possível obter quaisquer comentários, uma vez que todos os processos de promoção e protecção são de carácter reservado. Ao que o JN apurou, "Gabriela" também está numa instituição de acolhimento por ter o filho de quatro anos a seu cargo e estar grávida de oito meses.
Fonte da PJ explicou que o pai das raparigas não foi detido e nem sequer ainda ouvido pelos inspectores para dar a sua versão da história. Todos os envolvidos foram sujeitos a exames, tais como testes de ADN para apurar a paternidade da criança de quatro anos e do feto. A intenção dos investigadores será "esperar pelos resultados" e só depois avançar para eventuais novas diligências.
Contactado pelo JN, o pai disse não poder falar sobre as acusações por estar a conduzir. Depois não voltou a atender o telemóvel. O mesmo comportamento teve a mãe, que alegou estar "ocupada a trabalhar".
JN
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