"Ardi", o fóssil de uma fêmea cuja descoberta alargou a ancestralidade do Homem para lá de 4 milhões de anos, foi contestada por especialistas, que alegam que esta nunca foi uma percursora da espécie humana.
Em Outro de 2009, a equipa da Universidade de Berkeley, na Califórnia, liderada por Tim White, anunciou na prestigiada publicação científica "Science" os resultados das análises feitas a um esqueleto parcial fossilizado de uma fêmea, encontrada após 17 anos de escavações no deserto de Afar, na Etiópia.
O "Ardipithecus ramidus", apelidado "Ardi", teria, segundo as conclusões de White, habitado num ambiente florestal. A espécie teria, ainda, 4,4 milhões de anos, ultrapassando "Lucy" como antecessor mais antigo da espécie humana.
No entanto, de acordo com o "San Francisco Chronicle", a "Science" publicou, agora, as conclusões de um grupo de cientistas da Universidade do Utah que contestam o suposto ambiente em que "Ardi" viveu e o seu papel na evolução humana.
A equipa, liderada por Thure E. Cerling, diz que "Ardi" terá vivido na savana, onde terá desenvolvido a capacidade de locomoção na sua busca por alimento, contrariando assim as conclusões de White.
A publicação científica divulgou ainda um comentário de Esteban Sarmiento, zoológo responsável pela Fundação da Evolução Humana de New Jersey, no qual o especialista diz que o crânio, dentes e pelve de "Ardi" mostram que esta foi um símio que viveu muito antes do último ancestral comum entre o Homem os primatas. Segundo Sarmiento, ao contrário de "Ardi", "Lucy" é indiscutivelmente um hominídeo, por se encontrar dentro dessa linha de tempo.
Em resposta às contestações, a equipa de Tim White disse, na mesma publicação, que junto de "Ardi" foram encontrados bocados de madeira e ervas milenares, bem como fósseis de mamíferos que preferiam ambientes florestais em detrimento das savanas. Os investigadores adiantaram, ainda, que os ossos de "Ardi" são semelhantes aos de "Lucy" e de outros hominídeos.
De acordo com Rick Potts, antropólogo e director do Programa da Origem Humana do Instituto Smithsonian, em Washington, as provas apresentadas por Tim White são "maravilhosas, mas insuficientes".
"Os indícios são provenientes de apenas um local, são precisos muitos mais fósseis de várias outras zonas para perceber melhor esta questão", disse Rick Potts, citado pelo "San Francisco Chronicle".
O antropólogo louvou também os esforços de White para provar que "Ardi" foi uma espécie ancestral do Homem.
"No entanto, à medida que voltamos aquele período entre quatro e sete milhões de anos atrás, no qual ocorreu a separação entre os macacos e o antecessores do Homem, verificamos que houve vários pontos na evolução humana que vão levar muitos mais anos até serem compreendidos", explicou Potts.
JN
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