Nos Estados Unidos, um homem morreu devido a um transplante de um rim proveniente de uma mulher com cancro do útero. Trata-se, segundo, os especialistas, do primeiro caso de cancro do útero transmitido através de um transplante. O caso está em tribunal.
Vincent Liew decidiu manter o rim após uma conversa com o cirúrgião responsável pelo transplante, que lhe garantiu haver apenas uma probabilidade ínfima de vir a sofrer de um cancro de estirpe feminina. De acordo com o Centro Médico Langone da Universidade de Nova Iorque, os médicos respeitaram a escolha de Liew e acompanharam de perto a sua situação para o caso de aparecerem indícios do cancro.
Ainda que as análises não tenham apresentado sinais da doença, Liew começou a sofrer de dores nas costas e foi-lhe retirado o rim seis meses após a operação. Morreu três semanas depois. A autópsia apontou cancro como causa da morte, sem, no entanto, especificar a variante.
Vincent Liew, de 37 anos, trabalhava no Centro Económico e Comercial de Hong Kong em Nova Iorque. Diabético desde a adolescência e necessitando constantemente de recorrer a hemodiálises, esperou por um rim durante cinco anos até receber o transplante em 2002.
A dadora, Sandy Cabrera, tinha morrido um dia antes, vítima de um acidente vascular cerebral. "Ninguém sabia que ela tinha cancro", disse o namorado, Michael Daniels. Só após uma autópsia realizada dias após a sua morte é que se descobriu que Cabrera sofria de cancro do útero, que começara a espalhar-se, também, pelos pulmões.
O caso começou a ser julgado em tribunal ontem, quinta-feira. "O parecer do cirurgião pôs a vida de Liew em jogo", disse o advogado da viúva de Liew, Daniel Buttafuoco, aos jurados. "O Centro Langone deve responsabilizado por negligência médica por ter tomado um enorme risco com a vida de Vincent Liew".
"Isto não deveria ter acontecia, mas a culpa não é do Centro Médico, nem do cirurgião Thomas Diflo, nem de Liew", declarou, na mesma audiência, Robert Elliot, advogado do Centro Langone. "Foram prestados todos os cuidados possíveis".
Kimberly Liew, mulher de Vincent, pediu agora mais de três milhões de dólares como compensação pelo que aconteceu ao falecido marido.
JN
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