O negócio de compra e venda de ouro usado está a crescer em Portugal, que conta com cerca de 5000 lojas autorizadas a exercer esta actividade, segundo dados da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) fornecidos à Lusa.
Em menos de dois anos, só a cadeia de franchising Valores já abriu 100 lojas espalhadas pelo país e uma em Espanha, em Pontevedra, e a rede OURINVEST tem já 26 agências em funcionamento e terá até ao fim do ano mais 40.
"É um sector que está em expansão. Tem-nos ajudado a cotação do ouro, que tem aumentado bastante e tem feito desta uma matéria-prima muito valorizada", afirmou à agência Lusa o administrador da Valores, Rui Pinhão.
O responsável reconhece que a expansão do negócio foi surpreendente, já que o objectivo traçado era atingir as 100 lojas no final de 2012, o que foi conseguido dois anos antes.
Além dos clientes que "são puramente investidores", o negócio também cresce com a crise económica das famílias, reconhece.
"Mas temos muitos outros que vendem apenas peças que não usam e querem aplicar essa liquidez noutros investimentos, que podem ser desde férias a outras compras", conta.
Também o director geral da OURINVEST, Luiz Pereira, diz que "o sucesso do sector" se deve à conjuntura económico-financeira.
"Face à conjuntura económico-financeira, tem-se vindo a verificar uma crescente procura de barra/lingotes de ouro para investimento (isento de IVA). A compra e venda de ouro é um dos raros negócios que continuarão a crescer em contra-ciclo. O sector do ouro está em franco crescimento no mercado nacional e internacional", comenta o responsável da OURINVEST.
Para o crescimento do negócio tem ainda contribuído a "confiança" que os portugueses depositam nestas empresas, que reciclam a maior parte do ouro comprado, vendendo-o no mercado internacional ou usando-o para criar novas peças de ourivesaria.
"Os nossos clientes vêem-nos com bons olhos, equiparam-nos a uma instituição financeira, que troca capitais por matérias-primas preciosas. Isso tem permitido um crescimento muito rápido", realça o responsável da Valores.
A legislação que regulamenta a actividade tem mais de 30 anos e não prevê que seja dada uma autorização específica para o comércio de compra e venda de ouro usado, apenas sujeitando a licenciamento quem comercialize estes produtos, independentemente de serem novos ou usados.
"A Unidade de Constratarias tem, neste momento, cerca de 5000 utentes inscritos cuja matrícula permite a compra e venda de ouro usado", refere o departamento da INCM responsável pela regulação e fiscalização do sector
Entre as regras a cumprir neste comércio está a informação da actividade à Polícia Judiciária, bem como a exigência de identificação dos clientes que vendem o ouro usado.
A visibilidade do sector fez já chegar o negócio à Internet. Há pelo menos um site que promete comprar em Portugal jóias em ouro "para as derreter e refinar".
Contactada pela Lusa, fonte oficial da associação de defesa dos direitos do consumidor Deco disse não ter registo de qualquer reclamação relacionada com a actividade das lojas de compra e venda de ouro usado.
DN
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