Bustelo vestiu-se de luto pela morte de Danielzinho. O pequeno, de dois anos, brincava na eira da casa. Metros abaixo, uma mina despertou a sua atenção e a curiosidade foi fatal para o menino “bonito e loiro” daquele lugar, noconcelho de Vila Verde.
“A mina tem mais de 100 anos. Cresceram aqui dezenas de crianças e nunca nos passou pela cabeça que isto acontecesse um dia”, contou, ontem, ao JN, em lágrimas, a tia de Daniel. O final de tarde de segunda-feira, no pequeno largo de Bustelo, aparentava a normalidade de uma aldeia enfiada nos montes de Vila Verde, bem no topo da freguesia de Duas Igrejas. “Ele brincava sempre por aqui. Tirava o calçado e andava descalço pelo largo, sempre feliz, com uma bicicleta. Era o menino bonito de Bustelo, o nosso orgulho”, explicou uma vizinha da família Ferreira Couto, que está destroçada e a receber apoio psicológico.
“A mãe disse várias vezes que tinha medo à mina”, contou a tia de Daniel Couto, que não consegue perceber o que terá levado o menino a esgueirar-se para a mina. “Ele nunca tinha ido para ali, estava na eira da casa. Uma vizinha até lhe falou minutos antes de termos dado pela falta dele. Disse que a pedra onde estava sentado estava a queimar. Minutos depois, a mãe chamou-o, mas ele já não lá estava”, conta Maria da Costa, que pensou que a criança tivesse sido raptada.
O acidente ocorreu perto das seis da tarde. A população de Bustelo, após Cidália Ferreira ter dado pela falta do filho, procurou Danielzinho por entre as diferentes casas do lugar. A mãe pensou logo na centenária mina. Várias pessoas foram ver se o pequeno se encontrava lá, mas, à vista, nada havia na água, até que um vizinho voltou à mina e, com uma vara, fez o corpo do pequeno Daniel subir à tona. O choque instalou-se entre familiares e vizinhos. As tentativas de reanimação da criança foram infrutuosas. A dor instalou-se e quando o INEM chegou, após ter andando perdido duas horas em Godinhaços, apenas confirmou o óbito da criança, entretanto transportada para o Instituto de Medicina Legal de Braga.
A mina, onde dificilmente cabe o corpo de um adulto, não está vedada e é de fácil acesso, ficando mesmo por baixo da casa da família Ferreira Couto. Recentemente, foi alvo de pequenas obras para um melhor aproveitamento da água, que, na altura do afogamento de Daniel, teria metro e meio de profundidade.
JN
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