Organizações de defesa dos direitos humanos acreditam que pressão internacional pode salvar a vida de Sakineh Ashtiani.
Paris, Londres, Washington e Otava foram algumas das capitais mundiais que ontem saíram à rua para mostrarem a sua solidarie-dade com Sakineh Ashtiani. O caso da iraniana presa por adulté- rio em 2006 e cuja sentença de morte por apedrejamento está actualmente suspensa chamou a atenção da comunidade internacional.
Apesar do adiamento da sentença, foram várias as organizações de defesa dos direitos humanos que quiseram lembrar ao mundo o destino de Ashtiani. "O facto é que a execução ainda pode acontecer", explicou à CNN Mina Ahadi, directora do Comité Internacional contra as Execuções e Apedrejamentos. Para Ahadi, o maior receio é que, "como muitas vezes acontece no Irão, este género de execução aconteça sem que ninguém dê por nada".
O que já aconteceu foram as 99 chicotadas que Ashtiani levou devido ao que as autoridades iranianas descreveram como "uma relação ilícita fora do casamento". Depois disso e após o julgamento de um homem acusado de ter matado o marido da iraniana, esta mãe de dois filhos, de 43 anos, foi considerada culpada de adultério - um crime punível com a pena de morte no Irão.
Detida há mais de quatro anos numa prisão da cidade de Tabriz, onde vivia com o marido e os dois filhos, Ashtiani começou por ser acusada da morte do marido, sendo mais tarde a acusação mudada para adultério. Apesar de as autoridades judiciais iranianas estarem alegadamente a observar uma moratória aos apedrejamentos, as ONG temem que a iraniana possa ser enforcada. Os mais críticos, como a Amnistia Internacional, garantem que desde 2006 pelo menos seis pessoas foram apedrejadas até à morte na República Islâmica.
As organizações internacionais que planearam as manifestações de ontem estão convencidas de que manter a pressão sobre o Irão é a melhor forma de salvar a vida de Ashtiani. A vaga de solidariedade internacional surgiu em Junho, quando o advogado da iraniana escreveu sobre este caso no seu blogue. Desde então, o apoio veio dos mais diversos sectores - tanto o actor Robert Redford como o senador democrata John Kerry fizeram campanha pela iraniana.
Hoje em dia, são poucos os países que ainda consideram o apedrejamento legal. As excepções - Irão, Somália, Sudão e Afeganistão são muçulmanos. Apesar disso, alguns dos maiores críticos desta prática milenar são praticantes do islão, que a consideram imoral, além de dar má imagem aos países que a permitem.
No Irão, o apedrejamento apenas foi introduzido em 1983, quatro anos depois da Revolução Islâmica. Segundo essa lei, os ape-drejamentos devem ocorrer em público, com os acusados enterrados até à cintura.
DN
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