Fascistas terão manifestado a sua disponibilidade para contribuir para o Holocausto.
Intelectuais e políticos israelitas têm por vezes enaltecido o papel protector que o regime franquista teve para com os judeus que buscaram em solo espanhol refúgio da perseguição nazi. Mas documentos agora revelados mostram que o regime do general Franco elaborou uma lista com os nomes de seis mil judeus que estavam na altura da guerra em Espanha, tendo esta sido presumivelmente entregue a Heinrich Himmler, líder da polícia alemã Gestapo.
"No final da II Guerra Mundial o regime de Franco tentou iludir com relativo êxito a opinião pública mundial com a fábula de que tinha contribuído para a salvação de milhares de judeus do desejo de extermínio nazi. Não só era falso o que a propaganda franquista pretendia demonstrar como na Espanha do ditador houve a tentação de contribuir para acabar com o problema judeu na Europa", escreveu Jorge M. Reverte, no suplemento de ontem do El País.
O jornalista toma como ponto de partida para a sua investigação um documento descoberto por Jacobo Israel Garzón, um jornalista judeu da revista Raíces. Trata-se de uma circular emitida pela Direcção-Geral de Segurança, que os governadores civis espanhóis receberam a 13 de Maio de 1941. A missiva ordenava que enviassem à central relatórios individuais "de israelitas nacionais e estrangeiros estabelecidos na província, indicando a filiação político-social, forma de vida e actividades comerciais, situação actual, grau de perigosidade e perfil policial".
A ordem foi assinada por José María Finat y Escrivá de Romaní, que era conde de Mayalde e algum tempo depois tornou-se embaixador de Espanha em Berlim. Aí terá feito chegar a lista dos seis mil judeus a Heinrich Himmler. Tivesse a Espanha entrado na guerra e esses nomes figurariam hoje na lista dos mortos em Auschwitz, lembra Jorge M. Reverte. O conde foi galardoado várias vezes e há dez anos ganhou uma avenida com o seu nome em Hortaleza, na comunidade de Madrid. Finat chegou também a ser presidente da câmara da capital espanhola.
Quando terminou a guerra, os arquivos dos ministérios da Governação e Assuntos Exteriores foram limpos para que não houvesse provas do desejo do regime franquista em colaborar no Holocausto, refere o artigo publicado no El País.
Francisco Franco, que saiu vencedor da Guerra Civil de Espanha, que terminou a 1 de Abril de 1939 - cinco meses depois começava a II Guerra Mundial. O generalíssimo esteve no poder até 1975. O país passou depois por uma transição suave para a democracia, ao contrário de Portugal, onde houve uma revolução para acabar com a ditadura fascista de Salazar.
A monarquia manteve-se e a Espanha é hoje uma democracia que tem como sistema político a monarquia parlamentar. O Chefe do Estado é o Rei Juan Carlos, escolhido por Franco para lhe suceder, o primeiro-ministro é o socialista José Luis Rodríguez Zapatero. Apesar da transição suave, a crispação política mantém-se a um nível bastante elevado.
DN
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