A prefeita de Branquinha - o equivalente ao presidente da câmara em Portugal - quer que a sua cidade volte a ficar branca, branquinha. Sabe que tem um trabalho gigantesco pela frente, mas já arregaçou as mangas.
A casa de Renata Moraes é agora o quartel-general da cidade. Serve como sede da prefeitura e até como depósito de comida. «Agora o que mais precisamos aqui é de organização. Temos que colocar a cidade em ordem para que depois possamos pensar em recomeçar tudo», disse a prefeita, em frente da casa repleta de cabazes com alimentos doados por particulares ou enviadas pelo governo.
A casa da prefeita foi das poucas que ficaram de pé. Nenhum dos edifícios públicos resistiu à enxurrada. As chuvas fortes, que caíram sem descanso no Brasil, levaram de tudo. Vidas, bens e até a história de uma cidade. Da conservatória do registo civil ao arquivo, todos foram levados pela água e pela lama.
Ana Paula Silva parece lutar contra Golias. Escava no sítio onde até há poucos dias morava à procura dos papéis para pedir a pensão para a mãe, porque «como o cartório foi destruído não sei o que vamos fazer se não conseguirmos achar os documentos».
Olhando para a história de Heleno Tavares, das duas uma, ou é teimoso ou é ingénuo. A viver em Branquinha, já não é a primeira vez que perde tudo. Em 2000, quando o rio Mundaú também transbordou, embora com menos intensidade, a casa em que ele morava foi inundada. Tavares mudou-se para uma casa um pouco mais distante do rio mas ainda nos baixos da cidade.
Na semana passada, quando viu a água a subir ficou com medo e aceitou o convite de uma amiga para guardar as coisas na casa dela, ainda mais distante do rio. «Disse-me que na casa dela nunca entrava água. Mas desta vez entrou e a casa dela desabou ainda antes da minha. Perdi tudo mais uma vez». Mais uma vez, vai recomeçar.
Branquinha recomeça do zero. Ou melhor, começa. A história da cidade de Branquinha vai escrever-se noutro local. A cidade vai ser reconstruída longe do rio. Mais alva do que nunca.TVi24
Sem comentários:
Enviar um comentário