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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Seis anos de espera por córneas

Seis anos de espera por córneas

Falta de colheita feita nos hospitais leva a que só em Lisboa haja 300 doentes a aguardar a operação.

O tempo de espera para um transplante de córnea é de 69 meses só na região sul, de acordo com dados do Centro de Histocompatibilidade da Região Sul (CHSul). Trata-se de uma cirurgia simples que permite substituir a córnea lesionada por uma saudável, devolvendo a muitos pacientes a visão que tinham perdido. Tudo devido à falta de colheita que é feita em alguns hospitais, admitem os responsáveis.

"Há cerca de 300 doentes em espera real, em Lisboa, porque temos realizado testes duas a três vezes por ano para avaliar a existência de anticorpos e evitar problemas como a rejeição", admitiu ao DN Hélder Trindade, director do CHSul. Aos 300 juntam-se mais cem, de que o organismo não conhece o paradeiro ou evolução clínica, porque não mantiveram contacto.

Dos doentes em lista, que ainda não tiveram resposta nos hospitais em que estão inscritos nem neste organismo, há uns que chegam a esperar dez anos por uma córnea compatível, havendo casos extremos em que não se encontra tecido compatível com o doente.

Nas regiões centro e norte, as unidades hospitalares referem não haver grandes problemas de espera, uma vez que a colheita de córneas é superior à do Sul. Maria João Aguiar, coordenadora nacional das unidades de colheita da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST), "confirma que em Lisboa se espera demasiado, quando estamos perante uma cirurgia que é fácil e que não tem praticamente casos de rejeição", refere.

Dados da ASST apontam uma colheita, em 2009, de 400 córneas no Norte e 200 em Lisboa. Já os Hospitais Universitários de Coimbra colheram mais de 250 nesse ano.

Além de a região sul ser a que tem menos colheitas, há grande diferenças entre os hospitais: o São José, por exemplo, colheu 164, e Santa Maria apenas 37. "Por isso, há listas de espera altas", frisa Maria João Aguiar. O repto deste ano é que o Santa Maria faça colheita em coração parado: "O hospital já começou a actividade, o que significa que deixa de estar dependente de doentes em morte cerebral." "A córnea era um parente pobre e recorria-se muito a bancos estrangeiros, o que deixou de ser sempre possível por limitações impostas pela directiva europeia. Só se pode recorrer a países europeus ou aos que têm as mesmas regras que nós, como as da ética na doação", diz a responsável.

No Hospital de São João, no Porto, a espera não se sente: "Temos poucos doentes em lista e são operados pouco depois de termos as córneas. Fazemos 20 a 25 transplantes por mês", conta ao DN Raul Moreira.

Morais Sarmento, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação, diz que o problema "é falta de motivação": "Não há razões para não haver mais colheita. Ainda por cima estamos a falar de casos tão urgentes como os das cataratas, que foram prioridade política."

Além disso, o transplante é a única alternativa para "córneas que perderam transparência e que são substituídas total ou parcialmente", explica o oftalmologista Eduardo Marques, acrescentando que seja em caso de queimaduras, traumatismos, doenças ou cirurgias que lesaram a córnea, o transplante tem se ser feito. Cerca de 20% dos transplantes são feitos em jovens, com ceratocone, doença degenerativa dos olhos.

DN

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