As autoridades portuguesas e espanholas estão a criar uma equipa conjunta para investigar alegadas actividades da ETA em Portugal, lembrou hoje o ministro da Justiça, Alberto Martins, acrescentando que o objectivo é criar uma "estrutura operacional".
O ministro, que se deslocou de manhã à Escola da Polícia Judiciária, em Loures, para participar na abertura da reunião internacional do Projeto Nexus, um encontro que juntou especialistas na investigação do terrorismo, explicou que a possibilidade de criar uma equipa de investigação conjunta entre Portugal e Espanha já estava prevista no âmbito das convenções da União Europeia, mas ganhou agora mais força face às notícias recentes que deram conta da presença de elementos da ETA em território nacional.
"Havia esta necessidade tendo em conta os últimos acontecimentos da ETA verificados em Portugal. No futuro queremos constituir uma estrutura operacional, limitada no tempo, para uma investigação específica", sublinhou.
Alberto Martins explicou ainda que caberá à Procuradoria Geral da República (PGR) e à Polícia Judiciária (PJ) coordenar as operações com as autoridades espanholas.
Por seu turno, o director nacional da PJ, Almeida Rodrigues, que também participou no encontro, assegurou que a PJ "tem todos os meios disponíveis para combater o fenómeno do terrorismo e que em relação à ETA estará preparada para dar a resposta adequada".
Nos últimos meses foram detidos em Portugal três alegados membros da organização separatista basca que terão tido ligações a uma vivenda em Óbidos onde foi desmantelada em Fevereiro uma célula da ETA e onde foram encontrados centenas de quilos de explosivos.
A ETA é considerada uma organização terrorista pelas autoridades espanholas.
No âmbito da cooperação policial com Espanha, existia já um grupo destinado a operacionalizar os mecanismos de colaboração e troca de informações em vários domínios, cuja primeira reunião ocorreu em Março.
Nesse dia, o secretário de Estado da Segurança (SES) espanhol, António Camacho Vizcaíno, e o secretário geral do Sistema de Segurança Interna (SG SSI) de Portugal, Mário Mendes, revelaram que naquela primeira reunião foram criados dois subgrupos de trabalho, um dirigido à luta contra a ETA e o terrorismo islâmico e outro vocacionado para o combate ao crime organizado transnacional, incluindo máfias da antiga Jugoslávia.
Mário Mendes esclareceu também que até à descoberta da casa de Óbidos onde a ETA guardava explosivos a Polícia portuguesa e a sua congénere espanhola não dispunham de qualquer "informação minimamente credível" sobre as estruturas dos etarras em Portugal.
DN
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