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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Melro-das-rochas - A pequena ave das penas azuis

A pequena ave das penas azuis
Vem a Portugal nos meses de Verão para se reproduzir, apesar de não haver um número preciso sobre a quantidade de indivíduos que migram a cada temporada. É uma espécie ameaçada, pela riqueza geográfica das zonas onde nidifica

Omelro-das-rochas é uma das aves mais difíceis de observar. O seu habitat, sempre a mais de 800 metros de altura e em zonas especificamente rochosas, de vegetação rasteira, torna-a também uma espécie com distribuição reduzida em Portugal. Mas, curiosamente, é um dos pássaros mais admirados (e procurados) pelos observadores de aves. É que, argumenta quem os consegue ver, os tons vivos azuis e alaranjados do macho são um autêntico espectáculo visual.

A penugem de cores exuberantes explica-se com a necessidade de os machos demarcarem e defenderem o território. Já a fêmea apresenta tons mais discretos, para evitar a aproximação de predadores dos ninhos. E é apenas durante o período de nidificação que pode ser observada no nosso país, nomeadamente entre os meses de Abril e Agosto. "Trata-se de um migrador estival, que vem de África para a Europa Mediterrânica, exclusivamente para criar nestas áreas", explica Paulo Travassos, colaborador do Laboratório de Ecologia Aplicada da UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro).

Apesar da sua ampla distribuição a nível mundial, desde a Península Ibérica até à Ásia, "existe um número muito reduzido no nosso país, que se estima andar entre os 250 e os 2500 indivíduos". Habita as nossas serras, sobretudo as do Norte e Centro de Portugal, "para cima da Serra de Aire e Candeeiros", avança Paulo Travassos. De acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, o Parque Nacional da Peneda Gerês e a serra da Estrela apresentam populações de várias dezenas de casais, já na zona do Alvão-Marão, conhece-se apenas a existência de três a oito casais.

Na Europa, a espécie é considerada Pouco Preocupante, pois atinge um número superior aos cem mil casais. No entanto, segundo o portal de aves europeu, www.avibirds.com, "houve um declínio moderado entre 1970 e 1990. Apesar de a espécie ter estabilizado ou crescido em várias zonas da Europa entre 1990 e 2000, sofreu provavelmente um declínio geral, e a população ainda não recuperou até ao nível que precedeu o seu declínio inicial".

Ao contrário do Estatuto de Conservação europeu, em Portugal encontra-se classificada como Em Perigo. Paulo Travassos explica que "qualquer alteração no seu habitat, ou mortalidade acentuada destes indivíduos, pode comprometer o futuro da espécie". O facto de o melro-das-rochas se encontrar no limite ocidental da distribuição é, por outro lado, um factor preocupante, uma vez que, "quando as populações animais desaparecem, geralmente significa que existe algum problema nos seus limites, e ela vai sendo reduzida até ao seu núcleo", acrescenta.

Em Portugal, o facto de existirem poucas zonas rochosas isoladas acima dos 800 metros faz que a espécie esteja em perigo de desaparecer. No entanto, as ameaças nas zonas de maior altitude podem também estar relacionadas com o potencial interesse geológico da zona. Paulo Travassos explica que a espécie está "muito relacionada com zonas de xisto, de granito ou mesmo de calcário, o que pode ser perigoso, pela sua destruição". Por outro lado, são locais favoráveis à instalação de parques eólicos, o que "pode provocar a exclusão das aves pelo tamanho da estrutura móvel e pelo ruído".

DN

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