A refrigeração artificial de locais fechados é cada vez mais comum para fazer face às altas temperaturas. No entanto, os médicos advertem que a utilização exagerada e a falta de manutenção dos aparelhos de ar condicionado podem trazer problemas respiratórios e de pele
Aúnica exigência que fez quando, no ano passado, comprou o carro foi que este não tivesse ar condicionado. Seria um pedido invulgar, não sofresse Cristina Alves, 27 anos, de reacções graves quando exposta a este aparelho de refrigeração. "Começo logo a ficar com comichão no nariz, a espirrar compulsivamente e com ataques de tosse. Inicialmente não percebia a causa desta espécie de reacção alérgica, mas, com a vulgarização do ar condicionado em cafés e centros comerciais, comecei a reparar que não posso manter-me nesses locais muito tempo", conta a directora técnica de um lar de idosos na zona de Torres Novas, lembrando, no entanto, que tem rinite alérgica e que isso poderá ter influência.
O ar condicionado, de pequeno ou grande formato, tornou-se, sobretudo na última década, um equipamento trivial em escritórios, habitações, estabelecimentos comerciais e automóveis (ver texto ao lado). Mas, com esta vulgarização, começam a aparecer também cada vez mais queixas. São os doentes com alergias respiratórias, como asma e rinite, que pior reagem à refrigeração artificial, mas até os mais saudáveis podem manifestar mal-estar e desconforto, das crianças aos idosos.
Embora não disponha de dados estatísticos, o presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), Mário Morais de Almeida, mostra-se preocupado: "Entre os doentes que sigo com doenças alérgicas é muito frequente a referência ao ar condicionado como factor de agressão das vias aéreas, nomeadamente no meio laboral. A referência à falta de manutenção é também demasiada e inexplicavelmente frequente."
Embora os médicos portugueses encontrem vantagens na utilização do ar condicionado, nomeadamente na diminuição da mortalidade intra-hospitalar e no aumento da produtividade durante as vagas de calor, aconselham muita moderação. "Deve evitar-se a exposição a grandes variações térmicas. Por exemplo, a passagem, em minutos, de temperaturas superiores de 35ºC para menos de 20ºC agride as vias aéreas superiores e inferiores", explica o alergologista. "O ar muito frio congestiona os tecidos. As queixas nasais podem ser de obstrução, ou seja, nariz tapado e com secreções, a que se associa frequentemente dores de cabeça e sensação de garganta seca", completa Sandra Costa Pereira, do Centro de Otorrinolaringologista de Coimbra.
Estas reacções aumentam se a exposição ao ar condicionado for prolongada e directa. "Nunca devemos estar mesmo debaixo da fonte de ar. Este contacto é mais propício a crises de asma, tosse seca e persistente", diz a pneumologista Susana Simões, do Hospital Pulido Valente, lembrando que a manutenção destes aparelhos é a melhor forma de prevenir doenças.
A Legionella, uma bactéria associada à contaminação do ar interior de edifícios, "existe em sistemas de águas paradas, como nas condutas do ar condicionado, e a falta de limpeza destes aparelhos é um factor de risco na propagação da doença do legionário", alerta a especialista. "A sua manutenção deficiente leva também à acumulação de impurezas que são prejudiciais. Uma mucosa fragilizada é um alvo fácil posteriormente para infecções virais e bacterianas", indica ainda Sandra Costa Pereira.
Mas não é apenas ao nível das vias respiratórias que a exposição exagerada ao ar condicionado provoca reacções adversas. "Se não existir renovação de ar, estes aparelhos podem levar a uma secura ambiental extrema, a qual se pode tornar muito agressiva, quer para as mucosas, quer para a pele", indica Morais de Almeida. "O fluxo do ar é seco, o que vai ajudar a desidratar a pele e as mucosas", concorda Francisco Domingues, director clínico do Instituto Ibérico de Medicina Estética. "É necessário hidratar a pele e o cabelo com mais frequência", resume.
Para os médicos, o ar condicionado só deve ser utilizado em casos de muita necessidade e por períodos curtos. "O recurso a ventoinhas, bem posicionadas, como no tecto das salas ou quartos, pode ser uma boa alternativa", conclui Morais de Almeida.
DN
Refrigeração Comercial e Climatização Industrial
Princípios de Refrigeração
PRINCIPIOS DE REFRIGERACAO
O ar condicionado, de pequeno ou grande formato, tornou-se, sobretudo na última década, um equipamento trivial em escritórios, habitações, estabelecimentos comerciais e automóveis (ver texto ao lado). Mas, com esta vulgarização, começam a aparecer também cada vez mais queixas. São os doentes com alergias respiratórias, como asma e rinite, que pior reagem à refrigeração artificial, mas até os mais saudáveis podem manifestar mal-estar e desconforto, das crianças aos idosos.
Embora não disponha de dados estatísticos, o presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), Mário Morais de Almeida, mostra-se preocupado: "Entre os doentes que sigo com doenças alérgicas é muito frequente a referência ao ar condicionado como factor de agressão das vias aéreas, nomeadamente no meio laboral. A referência à falta de manutenção é também demasiada e inexplicavelmente frequente."
Embora os médicos portugueses encontrem vantagens na utilização do ar condicionado, nomeadamente na diminuição da mortalidade intra-hospitalar e no aumento da produtividade durante as vagas de calor, aconselham muita moderação. "Deve evitar-se a exposição a grandes variações térmicas. Por exemplo, a passagem, em minutos, de temperaturas superiores de 35ºC para menos de 20ºC agride as vias aéreas superiores e inferiores", explica o alergologista. "O ar muito frio congestiona os tecidos. As queixas nasais podem ser de obstrução, ou seja, nariz tapado e com secreções, a que se associa frequentemente dores de cabeça e sensação de garganta seca", completa Sandra Costa Pereira, do Centro de Otorrinolaringologista de Coimbra.
Estas reacções aumentam se a exposição ao ar condicionado for prolongada e directa. "Nunca devemos estar mesmo debaixo da fonte de ar. Este contacto é mais propício a crises de asma, tosse seca e persistente", diz a pneumologista Susana Simões, do Hospital Pulido Valente, lembrando que a manutenção destes aparelhos é a melhor forma de prevenir doenças.
A Legionella, uma bactéria associada à contaminação do ar interior de edifícios, "existe em sistemas de águas paradas, como nas condutas do ar condicionado, e a falta de limpeza destes aparelhos é um factor de risco na propagação da doença do legionário", alerta a especialista. "A sua manutenção deficiente leva também à acumulação de impurezas que são prejudiciais. Uma mucosa fragilizada é um alvo fácil posteriormente para infecções virais e bacterianas", indica ainda Sandra Costa Pereira.
Mas não é apenas ao nível das vias respiratórias que a exposição exagerada ao ar condicionado provoca reacções adversas. "Se não existir renovação de ar, estes aparelhos podem levar a uma secura ambiental extrema, a qual se pode tornar muito agressiva, quer para as mucosas, quer para a pele", indica Morais de Almeida. "O fluxo do ar é seco, o que vai ajudar a desidratar a pele e as mucosas", concorda Francisco Domingues, director clínico do Instituto Ibérico de Medicina Estética. "É necessário hidratar a pele e o cabelo com mais frequência", resume.
Para os médicos, o ar condicionado só deve ser utilizado em casos de muita necessidade e por períodos curtos. "O recurso a ventoinhas, bem posicionadas, como no tecto das salas ou quartos, pode ser uma boa alternativa", conclui Morais de Almeida.
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