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Radio Viseu Cidade Viriato

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A revelação da paisagem submersa no mar dos Açores

A 
quase 400 metros de profundidade, no declive do monte submarino Condor, 
ao largo da ilha do Faial, o 'ROV Luso' revelou um imenso jardim de 
corais, que se erguem do fundo arenoso como se fossem arbustos


Dez dias no mar, a bordo do navio 'Gago Coutinho' e com o 'ROV Luso', mostram extensos jardins de corais

É a novidade da visualização da paisagem e da sua riqueza imensa, que vivem ocultas no negro profundo do oceano. No rescaldo da missão aos montes submarinos Condor e Voador, no mar dos Açores, promovida pelo Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP), da Universidade dos Açores, é essa para já a grande novidade. Mas agora há muitas imagens e amostras geológicas e de organismos marinhos que só revelarão os seus segredos ao longo dos próximos meses, no laboratório.
"Ficámos pela primeira vez com uma visão contínua das comunidades de corais e de esponjas e de outros organismos marinhos do fundo. Até agora a imagem que tínhamos desse mundo submerso era desarticulada, porque era resultado de amostragens em pontos dispersos", contou ao DN Ricardo Serrão Santos, biólogo marinho e director do DOP, acabado de regressar do mar.
Durante a missão de dez dias a bordo no navio oceanográfico da marinha portuguesa Gago Coutinho, para mapear e caracterizar as comunidades de corais, entre os 200 e os 1500 metros de profundidade, desde o topo dos montes submarinos até zonas bem mais profundas, a equipa contou com a colaboração preciosa do ROV Luso, o veículo submarino robotizado da Estrutura de Missão para Extensão da Plataforma Continental (EMEPC). "Só assim foi possível captar em contínuo, ao longo de uma linha consecutiva, imagens do fundo submarino", assegura Ricardo Serrão Santos.
O objectivo da missão foi obter um melhor conhecimento da interacção destes organismos com a actividade das pescas na região. Trata-se de perceber de que forma os habitats de corais, pela sua riqueza, beneficiam as pescas, mas também de que forma estas afectam estes ecossistemas.
Esta linha de investigação insere-se aliás no âmbito do projecto europeu CoralFISH, em que participam vários países, e no qual o DOP também está integrado, e cujo objectivo é, justamente, conhecer nas diferentes regiões marinhas da Europa o impacto da actividade pesqueira nos corais e nas várias espécies de peixes.
Os corais frios organizam-se em recifes, agregações dos organismos em estruturas extensas, ou em jardins. De uma forma ou de outra, albergam grande biodiversidade, além da sua própria. Foi esse mundo que os investigadores quiseram desvendar. A análise dos dados recolhidos permitirá agora caracterizar melhor essa realidade, para a sua gestão sustentável.

DN
































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