Holanda identificou uma colónia de 'Aedes aegypti', também responsável pela transmissão do dengue. Direcção-Geral de Saúde diz que é importante controlar a situação
A Holanda identificou uma colónia de mosquitos Aedes aegypti, responsáveis pela transmissão do dengue e da febre-amarela. Uma descoberta pouco comum e que deixou os entomologistas, especialistas que estudam os insectos, em alerta. Especialmente porque se pensava que estavam erradicados do Velho Continente. Países da zona sul da Europa, como Portugal e Espanha, devem estar atentos devido às temperaturas mais altas, embora o clima não seja tropical.
"Não é comum existirem colónias destes mosquitos na Europa. É um acontecimento que é importante vigiar", disse ao DN Graça Freitas, subdirectora-geral da Saúde, salientando que são casos em que os mosquitos viajam de um país para outro. "Vêm de avião ou de barco, dentro de pneus ou de pratos de vasos em carregamentos de flores. Qualquer sítio que tenha água estagnada", acrescenta.
Apesar de considerar que é difícil que se criem grandes colónias deste mosquito na Europa, devido ao tempo, admite que "podem existir nichos mais propícios" à sua instalação. Que se saiba, não se registou um caso de febre- -amarela em Portugal. Mas isso não descarta a possibilidade de vir a acontecer, tendo em conta as alterações climáticas que trouxeram este mosquito de volta à Europa.
"É possível, mas pouco provável. A febre-amarela existe em dois continentes e nos países onde a doença existe não se pode entrar sem se ter tomado a vacina. Quem vive lá está imunizado. Para haver transmissão é preciso que existam grandes colónias, que o mosquito seja infectado com o vírus e passe a infecção através da picada", explica.
A existir, seriam casos isolados e importados, como são os de dengue que se vão registando no nosso país. "A probabilidade aumenta com as viagens. Mas são situações pontuais que não dão origem a casos endémicos."
A Madeira tem uma colónia de Aedes aegypti. A única conhecida em território português e que tem estado a ser vigiada para evitar que se torne um foco de perigo para a saúde pública. "É por isso que se tomam medidas drásticas no controlo da sua população. A probabilidade de alguém infectado com o vírus do dengue ter um encontro com um desses mosquitos [na Madeira] é muito baixa", explica.
No final do ano passado, Cabo Verde registou um surto inédito de dengue. Estima-se que o vírus tenha afectado cerca de 20 mil pessoas e causou a morte a pelo menos quatro dos infectados com o vírus hemorrágico. Depois de um combate difícil de travar, o país lançou uma campanha nacional de limpeza para eliminar os locais onde o mosquito gosta de colocar os ovos. Ainda assim, de acordo com a imprensa cabo-verdiana, este ano já foram notificados 305 casos de dengue, sobretudo nas ilhas do Fogo (161) e Santiago (115), sem qualquer caso hemorrágico da doença nem mortos.
No Brasil o dengue é muito comum. Até ao final de Abril deste ano as autoridades de saúde brasileiras já tinham registado 321 casos fatais. Mais 94% que no mesmo período do ano passado. A soma de casos em sete estados brasileiros era de quase 600 mil. O calor, as águas paradas, o lixo e a falta de higiene ajudam à propagação.
DN
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