Carlos e a namorada ficaram, ontem de manhã, sem gasolina na Avenida de João Paulo II (Gaia) no regresso a casa após a noite de S. João. Com um bidão na mão, o condutor, de 30 anos, abastecia o automóvel quando foi abalroado por um carro e morreu no local.
A madrugada tinha sido de felicidade. Uma noite bem passada nas Galerias de Paris com os amigos de infância, que cresceram a seu lado no bairro do Carriçal, no Porto, onde residem ainda os pais e o irmão mais novo de Carlos Manuel. A notícia da morte do rapaz de 30 anos, bem conhecido de todos, deixou os moradores da urbanização consternados.
Bruno Silva, um dos companheiros da noitada sanjoanina, soube da notícia da morte no momento em que se preparava para descansar, pouco tempo depois de ter chegado a casa. Já não conseguiu ficar deitado. Correu para o apartamento dos pais de Carlos, incrédulo com a tragédia.
“Ele era como um irmão para mim. Não queria acreditar quando o meu pai me disse que o Carlos tinha morrido. Passei a noite com ele. Estive a trabalhar até às seis horas da manhã e ele foi ter comigo. Estava muito bem disposto, porque se juntaram os amigos de sempre”, recordou o companheiro, visivelmente emocionado.
A despedida tinha acontecido cerca das sete horas da manhã de quinta. Carlos e a namorada rumavam a casa (há algum tempo que vivia em Gaia, não muito longe do local do sinistro). “Lembro-me que tive de empurrar o carro dele [um Ford Fiesta cinzento] para pegar”, adianta Bruno Silva.
Na Avenida de João Paulo II, em frente ao McDonald’s e ao supermercado Mini Preço, ficou sem gasolina. Encostou o carro na berma, fora da faixa de rodagem. Pouco tempo depois, regressou com um bidão de combustível.
Para voltar à estrada, bastava abastecer o carro. Era o que fazia no momento do acidente. A namorada encontrava-se no passeio e Carlos estava na berma a colocar gasolina no Ford Fiesta.
Subitamente, o Renault Clio que subia a avenida na freguesia de Oliveira do Douro despistou-se, apesar de ter as duas vias livres. Passavam 40 minutos das sete horas.
A jovem condutora, que circulava no sentido Porto/Gaia, perdeu o controlo da viatura e foi abalroar Carlos Manuel e o carro parado na berma. Desconhece-se as razões para o despiste, uma vez que a avenida é bastante larga. A condutora foi transportada pela PSP ao Hospital de Santos Silva para realizar exames periciais. A namorada de Carlos Manuel ficou em estado de choque.
Pedro Pereira, que é bombeiro voluntário em Avintes, estava a terminar o turno no McDonald’s e ouviu um estrondo. A sua acção imediata foi tentar socorrer a vítima caída no asfalto. Os esforços da equipa médica do INEM, dos Sapadores de Gaia e de Pedro Pereira de nada valeram. “A médica do INEM constatou que ele tinha lesões irreversíveis”, conta o bombeiro.
Carlos não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O corpo foi transportado para o Instituto de Medicina Legal pelos Sapadores. Ontem à tarde no bairro do Carriçal, ainda ninguém sabia quando se realizará o funeral.
“Aqui, no bairro, está tudo chocado. Ele era um amigo que a gente adorava. Estava sempre bem disposto e jogava bilhar e cartas nos Fatigados [associação recreativa do bairro] connosco. Ele e a namorada estavam a juntar dinheiro para organizar a vida deles e aconteceu isto”, lamenta José Carlos, outro amigo de longa data. Carlos Manuel era empregado de mesa no Bar Azul, na marginal de Canidelo, em Gaia, onde trabalha também a namorada.
JN
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