Afastada hipótese de ligação a grupos terroristas, carrinhas de transporte de valores e caixas ATM eram alvo
A Polícia Judiciária (PJ) já localizou, "em solo português, grande parte da meia tonelada de explosivos" roubada de uma pedreira, em Nelas. Estão também identificados alguns suspeitos que terão "actuado num quadro de criminalidade comum", o que "afasta qualquer ligação a grupos terroristas". A PJ está também convencida de que para além do contrabando os explosivos se destinavam a ser usados em acções criminosas como roubos e arrombamentos.
Uma fonte oficial da PJ confirmou ao DN que "os explosivos foram localizados em Portugal e já estão identificados alguns suspeitos, do roubo e posse do material".
A investigação confirmou a tese de roubo para contrabando, que alimenta a exploração clandestina de pedreiras e a pesca ilegal (ver texto ao lado), facto corroborado pela Guardia Civil espanhola.
"O que motiva o contrabando são as restrições legais e os elevados preços que atingem no mercado negro. Em Portugal uma vela de dinamite vale 6 euros e aqui atinge o dobro", disse ao DN um oficial da Guardia Civil que tem acompanhado a investigação do roubo de Nelas. E o roubo de há 15 dias "teve origem na criminalidade comum e destinava-se a uso ilegal", garantiu a fonte da PJ. É convicção das autoridades que os explosivos se destinavam a "abastecer o mercado negro, onde este tipo de material gera grandes lucros".
A investigação das autoridades recolheu ainda "alguns indícios" que apontam para que os explosivos "também pudessem vir a ser usados na criminalidade violenta, como assaltos e arrombamentos de cofres, multibancos e carrinhas de valores".
Há duas semanas meia tonelada de gelamonite foi roubada de um paiol da empresa Moura e Silva, em Senhorim, no concelho de Nelas. O elevado volume de explosivos roubados, "com elevado poder de fragmentação", accionou os mecanismos de cooperação entre as polícias ibéricas. A organização terrotista basca ETA tem promovido assaltos em pedreiras em Espanha e em França e as declarações do ministro do Interior espanhol, que referiu o caso perante os deputados, levantaram a suspeita de que o roubo tivesse mão espanhola. Foi "esta preocupação" que originou a constituição de uma task force policial, composta pela PJ, SIS e GNR e coordenada pela Unidade Nacional contra o Terrorismo, que motivou a "extrema urgência em localizar os explosivos". Quatro dias depois do roubo, tal como o DN noticiou na edição de dia 18, já a PJ tinha identificado um primeiro suspeito e ontem, com o avançar das investigações, a Judiciária descartou "totalmente" qualquer ligação entre o roubo e a ETA, a organização terrorista basca.
A investigação permitiu concluir que "quem roubou tinha conhecimentos da empresa, conhecia os pormenores do paiol e é sabedor dos meandros do mercado paralelo de explosivos". O roubo ocorreu no domingo numa altura em que o casal que vigia o paiol não estava de serviço. O alarme também não foi accionado. Coincidências que levantaram suspeitam nas autoridades policiais, que estão convencidas de que "houve ajuda por parte de algum funcionário da empresa". A empresa foi investigada em 2007 e alguns funcionários foram indiciados por tráfico de explosivos para Espanha.
Os suspeitos caem sob a alçada da nova lei das armas que prevê pena de prisão, entre dois e 8 anos, para quem possuir "explosivos civis fora das condições legais".
DN
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