Em 2009 houve 26 dadores entre irmãos vivos. E média de 31 dadores cadáveres por milhão de habitantes.
No ano passado, doze pais doaram órgãos aos filhos e sete filhos fizeram o mesmo pelos seus progenitores, ainda em vida. Entre irmãos, o número de doações foi mais elevado: 26. As estatísticas de 2009 confirmam a tendência de subida na doação de órgãos registada nos últimos anos. E mostram que houve até um avô a salvar a vida do neto. Entre casais, houve 20 doações.
Em apenas um ano, e na sequência da mudança da legislação em 2007, registou-se também um aumento de 25% de colheitas de rim e fígado. Para que não se percam dadores, a lei obriga os cidadãos que não queiram disponibilizar os seus órgãos após a morte a manifestarem a sua posição, inscrevendo-se numa lista.
Mas para que os órgãos em boas condições possam ser colhidos de um cadáver e aproveitados por um doente que precisa de um transplante, todo o sistema tem de estar bem montado, alerta Maria João Aguiar, coordenadora nacional das Unidades de Colheita de Órgãos, Tecidos e Células para Transplantação.
"Tem de haver capacidade nos hospitais para detectar as condições de um dador. E depois tem de haver capacidade de distribuir em tempo útil os órgãos retirados", explicou ontem ao DN Maria João Aguiar. Um trabalho que também depende muito da sensibilidade dos médicos para conseguirem "olhar e trabalhar com os seus doentes após a morte", acrescenta a responsável da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST) que ontem esteve na delegação de Faro da Ordem dos Médicos para falar aos profissionais de saúde.
Actualmente, todos os hospitais com cuidados intensivos têm um coordenador de doação e em cada um dos cinco gabinetes regionais da autoridade há uma equipa de colheita em permanência. Para fazer chegar com rapidez os órgãos a quem precisa, a ASST conta com a ajuda das forças de segurança: a GNR e a PSP.
"Um caminho de muito trabalho que tem dado resultados e está a espantar o mundo. E que faz de Portugal o segundo país do mundo na colheita de órgãos e o primeiro na realização de transplantes", salienta Maria João Aguiar.
Em 2009 foram colhidos 947 órgãos de cadáveres, o que corresponde a um aumento de 13,3% do número de órgãos disponíveis para transplantação e a uma média de 31 dadores por milhão de portugueses. Os transplantes de rim realizados foram 595 e os de fígado 255. De seguida vêm os de coração (47) e pâncreas (20).
DN
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