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Radio Viseu Cidade Viriato

domingo, 13 de setembro de 2009

Muitos dos sem-abrigo têm entre 17 e 30 anos e são de fora da cidade...


Há cada vez mais juventude a dormir nas ruas do Porto. Têm entre 17 e 30 anos, vêm de outros concelhos e muitos são analfabetos. Perderam um tecto por causa do vício da droga. E concentram-se em bairros como o Cerco, Aleixo e Pinheiro Torres.


A Câmara do Porto está prestes a ter nas mãos a radiografia da cidade, que está a ser feita pela Universidade Católica, e que lhe permitirá saber quantos e quem são os sem-abrigo do Porto. Mas quem anda, todas as noites, na rua, não tem dúvidas: há cada vez mais jovens sem um tecto para dormir. "Têm entre 17 e 30 anos", revela Fernando Santos, da Ronda dos Sem-Abrigo, mais conhecida pelo "Grupo do Fernando".


Fernando anda na rua há sete anos e conhece bem as pessoas que são forçadas a passar as noites ao relento. Se há alguns anos, se viam muitas crianças, agora são essencialmente jovens, de fora do concelho. "São de Viseu, Aveiro, Leiria, Braga e Guimarães. Os de cá fogem para Lisboa, pois lá não são conhecidos", explica.


Segundo Fernando, esses jovens acabam na rua por causa do vício da droga. Daí que sejam essencialmente vistos na Rua Escura, na Sé, e em bairros sociais como o Cerco, Aleixo e Pinheiro Torres. "Há ainda muitos analfabetos, mesmo entre os mais jovens", sublinha ainda.


Por isso, é complicado convencer muitos desses sem-abrigo a reabilitar-se. "Se tivéssemos a possibilidade de lhes dar uma resposta imediamente eles iam. No dia seguinte, quando os vamos buscar, já lá não estão", diz.


Uma das estratégias autárquicas para este problema, segundo a vereadora da Acção Social Matilde Alves, poderá passar pela criação de casas comunitárias e programas de formação, mais atractivos para os sem-abrigo. "Com a radiografia social da cidade, podemos ver que ofertas não estão a ser fornecidas pelas instituições, por exemplo", destaca.


É que, muitos acabam a fazer um curso de cabeleireiro como Alreliano Silva, carinhosamente chamado de "professor", já que deu aulas de trabalhos manuais na Escola Industrial de Gondomar.


Alreliano está há seis anos numa residencial na Rua 31 de Janeiro. Teve a sorte de nunca ter passado uma noite ao relento. Mal viu que não arranjava trabalho, pediu ajuda à Segurança Social. Mas só aparecem coisas temporárias. Daí que, já tenha feito de tudo um pouco, desde construção civil a hotelaria. "Assim, não dá para termos a ideia de realizar seja o que for", lamenta.


António Marques Ribeiro, ou "Toni", não tem a mesma sorte. Aos 75 anos, passa as noites nas escadas da antiga urgências do Hospital de Santo António. "Nem cama tenho, passo a noite numa cadeira ou numa pedra", conta, acrescentando: "Sei fazer talheres, facas e navalhas, até já fui merceeiro. Mas as minhas pernas não me deixam fazer nada". Por isso, "Toni" só pede que lhe arranjem um quarto onde dormir. "É para estar melhor", justifica.

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