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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mês sagrado do Islão leva milhões ao jejum

Da aurora ao pôr do Sol sem comer nem beber: é um dos cinco pilares da prática dos muçulmanos. O Ramadão começa hoje, quarta-feira, e os crentes devem juntar às cinco orações diárias habituais mais uma, especial, em casa ou na mesquita.

Com uma data móvel, que recua todos os anos no calendário e que é anunciada com precisão à roda do mundo consoante a hora do primeiro avistamento da Lua após a Lua Nova, chega para os crentes do Islão o mês sagrado.

Em todo o mundo, serão actualmente 1, 57 mil milhões (cerca de 23% da humanidade). Portugal tem uma comunidade de cerca de 40 mil pessoas integradas nesta fé, a maior parte vivendo na região da Grande Lisboa.

Por estes dias, até 9 de Setembro, aumenta a afluência à Mesquita de Lisboa: não são apenas as cinco orações diárias que ali levam os praticantes do Islão, é também uma oração especial que àquelas é acrescentada e que consiste na recitação, de cor, de uma das 30 partes do Alcorão.

Antes dessa oração especial, os crentes podem quebrar o jejum com uma tâmara. Só mais tarde, com o ocaso, será tempo de uma refeição. A Mesquita de Lisboa está preparada para servir 800 refeições gratuitas.

O mês sagrado coincidindo com tempo de férias laborais ou escolares permite maior afluência às orações, que podem também ser feitas em casa ou noutro lugar conveniente.

No próximo ano, o Ramadão vai começar recuando cerca de dez dias no calendário e assim será sempre, obedecendo ao ano lunar, que tem a duração de 355 ou 356 dias, menos dez que o calendário gregoriano.

Das cinco horas da manhã até às 20.39, assim será hoje a duração do jejum, a decrescer conforme Setembro venha chegando. Estas cerca de 16 horas de privação voluntária de comida ou bebida são encurtadas quando o mês do Ramadão recai nos meses de Inverno das regiões mais afastadas dos trópicos.

Em cada ano, a Mesquita de Lisboa passou a facultar aos crentes pela Internet os horários de fazer jejum, tendo como ponto de orientação as principais cidades do país. Para o crente tem significado a orientação mesmo ao minuto e o pormenor do nascer e pôr do sol varia não só de dia para dia, como consoante a zona do país.

Na Alemanha, que já conta com quatro milhões de muçulmanos, um canal de televisão anunciou que todos os dias vai anunciar a hora do começo e fim do jejum.

Segundo explicou ao JN o imã, no Ramadão “há uma intensidade maior” nas práticas por parte dos fiéis. Afirma o “sheik” David Munir que “este é o único mês em que é possível praticar quatro dos cinco pilares”. A crença, as cinco orações diárias, a caridade e o jejum. A peregrinação a Meca, ao menos uma vez na vida, deve ser feita no 12º mês do calendário muçulmano.

Diz o imã Munir que, no que toca ao exercício obrigatório da caridade, ele se concentra no mês do Ramadão em 99% das opções tomadas pelos muçulmanos.

Se este mês é assumido como sagrado isso deve-se “ao início da revelação do Alcorão ao Profeta Maomé”. Daí a espiritualidade que deve ser conferida à vivência desse tempo, refere também o mesmo teólogo, há já 25 anos na Mesquita de Lisboa.

A comunidade muçulmana em Portugal tem sobretudo como raízes os crentes vindos de Moçambique, a que se juntaram outros da Guiné-Bissau e de pessoas trazidas por outras origens da corrente migratória.

“A prática do Islão”, assegura o teólogo, “é muito pessoal. Vir à mesquita não é sinónimo de ser muçulmano”.

JN

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