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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Mais 16 centrais a fazer energia eléctrica do lixo

Mais 16 centrais a fazer energia eléctrica do lixo

Plano do Governo é reforçar em 40% a produção de energia por esta via até 2012.

Portugal vai ter mais 16 centrais de produção de electricidade a partir dos lixos, apurou o DN junto do Ministério do Ambiente. As novas centrais entrarão gradualmente em funcionamento nos próximos dois anos e juntam-se às nove já existentes, prevendo-se que venham assegurar uma produção energética superior a 140 mil megawtts (Mw) por ano.

Trata-se de aumentar em 40% a produção concentrada no universo empresarial do Estado (350 mil Mw), que em 2009 evitou a importação de 207 mil barris de petróleo e poupou a emissão de 268 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2).

Das 16 novas centrais, nove irão produzir electricidade através de biogás de aterro e as restantes sete da valorização orgânica dos resíduos. Entre estas inclui-se a da Valnor, em Avis, cujo investimento de 7,5 milhões de euros agora iniciado deverá estar concluído em 2012, permitindo produzir 2750 Mw por ano através de digestão anaeróbia, processo biológico no qual a matéria orgânica é transformada em biogás que pode ser usado na produção de energia eléctrica e térmica.

A valorização energética dos resíduos começou em 2001 na Valorsul, em Loures, cuja central produziu, em 2009, 293 837 Mw (cerca de 80% do total nacional). Se a estes se somarem as unidades que estão fora da alçada do Ministério do Ambiente, a produção de energia a partir dos lixos garantirá as necessidades de 3% do sector doméstico, ou seja, 168 mil famílias, evitando a importação anual de 311 mil barris de petróleo.

A ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, diz que o Governo está "muito virado" para estes projectos, que têm a dupla vertente de conciliar a gestão ambiental e a criação de mais-valias energéticas. "Se tratássemos os resíduos da forma tradicional, só em aterro, estávamos a resolver uma parte do problema. Assim, o biogás que resulta da degradação dos resíduos é aproveitado e esta é a aposta certa, seguida nos países com políticas consistentes em matéria de ambiente".

Uma vez concluídos os projectos, Portugal será dos países europeus "com maior adesão a este tipo de solução", diz Rui Berkemeier, da Quercus, acrescentando que ficará instalada uma capacidade de tratamento mecânico e biológico para cerca de 1,5 milhões de toneladas de lixo. "Como o País produz à volta de cinco milhões de toneladas, ainda há uma margem bastante grande para se instalarem mais unidades".

Rui Berkemeier acrescenta que em regiões como o Oeste, Gaia ou Santa Maria da Feira, as unidades projectadas são "muito pequenas", sendo necessários novos investimentos em Lisboa e Porto, para "compensar" o período de paragem dos respectivos incineradores. "A produção de biogás é só uma das vantagens deste sistema, que permite ainda recuperar grandes quantidades de materiais recicláveis, sobretudo plástico, e produzir um composto de qualidade média para a agricultura".

DN

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