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terça-feira, 13 de abril de 2010

"Em Abril, águas mil" e os frutos atrasados na árvore...

"Em Abril, águas mil" e os frutos atrasados na árvore

Esta Primavera, a produção de fruta está atrasada duas a três semanas porque as estações do ano estão a fugir aos padrões normais.

Calor até perto do Inverno, chuvas e frio prolongados já em plena Primavera. As estações do ano estão a mudar, o que altera também o calendário em que os frutos começam a aparecer nas árvores. Na Cova da Beira, por exemplo, a produção de cerejas está atrasada três semanas, numa altura em que os agricultores já deviam estar quase a preparar-se para colher o fruto.

Lurdes Carvalho, professora da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, acompanha pomares desde 1986 e refere que há cada vez mais anos com condições meteorológicas afastadas do típico clima temperado de Portugal, o que vem trazer consequências nas árvores fruteiras. "O Outono arrasta-se até Novembro ou Dezembro, depois há vagas de frio, com picos de calor" e a chuva que devia cair no inverno "desloca-se para os meses de Primavera e até para Junho."

Como consequência, a floração está atrasada duas a três semanas e aumenta o risco de os frutos não serem tão carnudos e saborosos. Lurdes Carvalho aponta precisamente o exemplo da cereja, fruto típico do distrito na zona da Cova da Beira e a sul da Gardunha. Por ano, na região da Cova da Beira comercializam-se cerca de seis mil toneladas deste fruto que, este ano, deverá chegar cerca de duas semanas mais tarde.

"As condições climáti- cas que se fizeram sentir não foram favoráveis e atrasaram a floração da cerejeira. Aparentemente o ciclo de produção está atrasado cerca de duas semanas, mas isso não quer dizer que haja menos cereja ou durante menos tempo. Teremos é cereja mais tarde e até mais tarde", adiantou ao DN Filipe Costa, da CerFundão, empresa de comercialização da cereja.

Quanto à produção, este engenheiro técnico esclarece que "é absolutamente prematuro fazer prognósticos porque ainda estamos no período do início da floração, mas não sabemos qual será a percentagem de vingamento". "Além disso, como sempre, estamos dependentes das condições climáticas que se façam sentir durante estas semanas e que são fundamentais porque a cereja nesta altura precisa de muito sol e de temperaturas quentes", conclui.

Se estas condições não se reunirem, Lurdes Carvalho alerta que "o consumidor pode sentir que a cereja não corresponde ao que está habituado. Pode não ser tão firme e doce", porque o período de colheita, que antes ia de Abril a Julho, está cada vez mais concentrado em Maio e Junho.

A instabilidade das estações do ano traz os mesmos problemas para outros frutos e todos ficam mais expostos a doenças e deformações, o que acarreta prejuízos. "Se um produtor investe no pomar para ter 100 unidades de um fruto e no final só colhe 20, obviamente que vai sofrer", resume a investigadora. Mesmo a fruta que é colhida está mais sujeita a estragar-se em casa de quem a compra por causa da instabilidade atmosférica no ciclo de maturação.

A instabilidade na meteorologia está também a mudar o mapa dos pomares. Exemplo disso é o desaparecimento dos pomares de maçã do lado sul da Gardunha. "Passaram para norte, onde agora há zonas mais frescas e onde há mais água para o fruto vingar", referiu Lurdes Carvalho. A área de pereira é também reduzida, sobretudo por questões comerciais, mas também por causa dos problemas causados pelo acentuado arrefecimento nocturno. Algumas frutas sofrem, outras adaptam-se melhor. O pessegueiro é das culturas que menos se queixam das variações da meteorologia, assim como a vinha.

DN

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