Acreditava-se que Phobos e Deimos eram asteróides capturados pela gravidade marciana, mas um impacto é mais provável
Admitia-se até agora que as duas pequenas luas de Marte, Phobos e Deimos, eram asteróides capturados pela gravidade do planeta vizinho, mas uma nova observação de Phobos sugere origem diferente para pelo menos um dos objectos: a sua formação terá resultado de um impacto catastrófico que arrancou a Marte enormes pedaços, colocando-os em órbita. Com o tempo, as pedras agregaram-se e terão formado a lua marciana. Os astrónomos pensam num cenário alternativo: Phobos pode ser o que resta de uma lua muito antiga, destruída pela gravidade, mas cuja origem remota era, por seu turno, uma explosão marciana, presumivelmente causada por um impacto cataclísmico.
As novas provas foram apresentadas esta semana numa conferência em Roma e baseiam-se em informação recolhida pela sonda europeia Mars Express, que descobriu filossilicatos em Phobos, numa zona próxima da sua maior cratera.
Estes minerais formam-se na presença de água, que se sabe ter existido em Marte. As anteriores observações das luas do planeta revelavam a presença de condrites, minerais associados a meteoritos e à cintura de asteróides entre Marte e Júpiter.
Phobos e Deimos são duas pequenas luas de forma irregular, cravadas de crateras e com diâmetro, respectivamente, de 22,2 quilómetros e 12,6 quilómetros. Os dois objectos parecem batatas e foram descobertos em 1877 pelo astrónomo americano Asaph Hall. Ambos foram baptizados com nomes de deuses da mitologia grega: Phobos, o deus do pânico, deu origem a palavras como fobia; Deimos era deus do terror e os dois filhos de Ares, deus da guerra.
Com órbitas circulares, próximas do equador de Marte, Phobos e Deimos são pequenos, mas visíveis da superfície marciana. Alguém que estivesse no equador marciano veria Phobos com um terço do tamanho da Lua vista da Terra. Deimos pareceria um planeta com o brilho, por exemplo, de Vénus. Ambos os satélites apresentam sempre a mesma face.
A origem das duas luas foi um mistério desde a sua descoberta e as anteriores observações davam peso à teoria da captura de asteróides. A aura misteriosa foi acentuada pela intensa especulação envolvendo Marte e as observações deste planeta.
A controvérsia poderá agora estar parcialmente esclarecida. Uma equipa de cientistas europeus, do Instituto Astrofísico de Roma e do Observatório Real da Bélgica, interpretou a presença de filossilicatos como implicando a interacção com água líquida antes da incorporação das rochas em Phobos. Os astrónomos não descartam a possibilidade de formação in situ, mas isso exigiria que a lua tivesse calor interno que permitisse à água manter-se estável no estado líquido. Outro argumento a favor da origem marciana das duas luas é o facto de a teoria da captura não permitir explicar as órbitas quase circulares e quase equatoriais dos dois satélites.
Além disso, Phobos tem uma densidade muito inferior ao que é habitual encontrar em asteróides, com uma estrutura semelhante a uma esponja no espaço, com 25% a 45% do seu interior vazio, o que indica agregação de uma amálgama de rochas. A estrutura porosa é mais um argumento favorável à teoria da explosão e ejecção de materiais, pois um eventual asteróide com estas qualidades não teria sobrevivido à captura.
A agência espacial russa está entretanto a preparar uma missão automática a Phobos, que será lançada em 2011 e que permitirá estudar a composição do solo da lua marciana, percebendo melhor a sua origem.
DN
As novas provas foram apresentadas esta semana numa conferência em Roma e baseiam-se em informação recolhida pela sonda europeia Mars Express, que descobriu filossilicatos em Phobos, numa zona próxima da sua maior cratera.
Estes minerais formam-se na presença de água, que se sabe ter existido em Marte. As anteriores observações das luas do planeta revelavam a presença de condrites, minerais associados a meteoritos e à cintura de asteróides entre Marte e Júpiter.
Phobos e Deimos são duas pequenas luas de forma irregular, cravadas de crateras e com diâmetro, respectivamente, de 22,2 quilómetros e 12,6 quilómetros. Os dois objectos parecem batatas e foram descobertos em 1877 pelo astrónomo americano Asaph Hall. Ambos foram baptizados com nomes de deuses da mitologia grega: Phobos, o deus do pânico, deu origem a palavras como fobia; Deimos era deus do terror e os dois filhos de Ares, deus da guerra.
Com órbitas circulares, próximas do equador de Marte, Phobos e Deimos são pequenos, mas visíveis da superfície marciana. Alguém que estivesse no equador marciano veria Phobos com um terço do tamanho da Lua vista da Terra. Deimos pareceria um planeta com o brilho, por exemplo, de Vénus. Ambos os satélites apresentam sempre a mesma face.
A origem das duas luas foi um mistério desde a sua descoberta e as anteriores observações davam peso à teoria da captura de asteróides. A aura misteriosa foi acentuada pela intensa especulação envolvendo Marte e as observações deste planeta.
A controvérsia poderá agora estar parcialmente esclarecida. Uma equipa de cientistas europeus, do Instituto Astrofísico de Roma e do Observatório Real da Bélgica, interpretou a presença de filossilicatos como implicando a interacção com água líquida antes da incorporação das rochas em Phobos. Os astrónomos não descartam a possibilidade de formação in situ, mas isso exigiria que a lua tivesse calor interno que permitisse à água manter-se estável no estado líquido. Outro argumento a favor da origem marciana das duas luas é o facto de a teoria da captura não permitir explicar as órbitas quase circulares e quase equatoriais dos dois satélites.
Além disso, Phobos tem uma densidade muito inferior ao que é habitual encontrar em asteróides, com uma estrutura semelhante a uma esponja no espaço, com 25% a 45% do seu interior vazio, o que indica agregação de uma amálgama de rochas. A estrutura porosa é mais um argumento favorável à teoria da explosão e ejecção de materiais, pois um eventual asteróide com estas qualidades não teria sobrevivido à captura.
A agência espacial russa está entretanto a preparar uma missão automática a Phobos, que será lançada em 2011 e que permitirá estudar a composição do solo da lua marciana, percebendo melhor a sua origem.
DN
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