90% dos casais querem adoptar bebés e sem problemas. Realidade é bem diferente. Mas há casos de sucesso.
Há 557 crianças a viver em instituições que procuram uns pais adoptivos. Os últimos dados do Ministério da Segurança Social relativos à adopção evidenciam discrepâncias preocupantes entre o que procuram os casais candidatos e a realidade das crianças em condições de serem adoptadas.
No final do primeiro semestre do ano, havia 2923 crianças incluídas no sistema de dados da adopção e cujo projecto de vida passava por aí. Mas 557 ainda não tinham encontrado uma família.
Cerca de 80% tinham mais de três anos e a grande maioria já estava há mais de dois em situação de acolhimento. Contudo, 93% dos candidatos à adopção procuravam crianças mais novas, se possível bebés, e, no máximo, com três anos.
As características das crianças também são importantes para quem quer adoptar. Mas se havia apenas sete candidatos dispostos a acolher uma criança com deficiência, mais de 130 apresentavam esse problema. As questões de saúde também impedem que muitas adopções se concretizem. Os dados mostram que havia 426 crianças adoptáveis com problemas de saúde ligeiros e apenas 174 famílias dispostas a acolhê-las.
Este desencontro não é uma realidade nova, mas ajuda a explicar porque demoram tanto tempo os processos de adopção, reconhece ao DN o presidente do Instituto de Segurança Social (ISS). Edmundo Martinho diz que a solução tem de passar pelos pais e pela sua maior consciencialização do que é a adopção. "Procuramos que percebam que é uma missão exigente e que podem ter o mesmo nível de gratificação com uma criança mais velha", disse ao DN.
Em 2009, o ISS estabeleceu um protocolo com a Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto para dar formação aos candidatos e ajudá-los a preparar a sua missão parental.
No Centro de Alojamento Temporário de Tercena, em Oeiras, a solução para aproximar crianças dos potenciais pais adoptivos passa por abrir a instituição ao exterior, fomentar o voluntariado comprometido e dar uma vida familiar o mais normal possível às 48 crianças e jovens que vivem neste lar da Santa Casa da Misericórdia de Cascais. E tem gerado resultados.
"Tem de haver um encontro de vontades. Fomentamo-lo através dos voluntários que vêm ajudar as crianças, por exemplo, no estudo. Muitos acabam por se apaixonar por elas", explicou Cecília Abecassis, directora. Através do Projecto Famílias Amigas, começam por sair com os voluntários para passar tardes, fins-de-semana e férias. "Depois desta aproximação, muitos acabam por querer adoptar." Nesses casos, o processo segue o curso normal.
Nascido há quatro anos, o projecto gerou 18 famílias amigas e já resultou em cinco processos de adopção e oito de confiança à pessoa/família idónea, outro regime previsto na lei mas com uma fraca aplicação.
Todas as crianças confiadas às famílias têm entre 8 e 15 anos, idades para as quais é sempre difícil encontrar um projecto de vida. "Se contássemos com os inscritos no serviço de adopção, estas crianças nunca teriam sido adoptadas."
DN
No final do primeiro semestre do ano, havia 2923 crianças incluídas no sistema de dados da adopção e cujo projecto de vida passava por aí. Mas 557 ainda não tinham encontrado uma família.
Cerca de 80% tinham mais de três anos e a grande maioria já estava há mais de dois em situação de acolhimento. Contudo, 93% dos candidatos à adopção procuravam crianças mais novas, se possível bebés, e, no máximo, com três anos.
As características das crianças também são importantes para quem quer adoptar. Mas se havia apenas sete candidatos dispostos a acolher uma criança com deficiência, mais de 130 apresentavam esse problema. As questões de saúde também impedem que muitas adopções se concretizem. Os dados mostram que havia 426 crianças adoptáveis com problemas de saúde ligeiros e apenas 174 famílias dispostas a acolhê-las.
Este desencontro não é uma realidade nova, mas ajuda a explicar porque demoram tanto tempo os processos de adopção, reconhece ao DN o presidente do Instituto de Segurança Social (ISS). Edmundo Martinho diz que a solução tem de passar pelos pais e pela sua maior consciencialização do que é a adopção. "Procuramos que percebam que é uma missão exigente e que podem ter o mesmo nível de gratificação com uma criança mais velha", disse ao DN.
Em 2009, o ISS estabeleceu um protocolo com a Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto para dar formação aos candidatos e ajudá-los a preparar a sua missão parental.
No Centro de Alojamento Temporário de Tercena, em Oeiras, a solução para aproximar crianças dos potenciais pais adoptivos passa por abrir a instituição ao exterior, fomentar o voluntariado comprometido e dar uma vida familiar o mais normal possível às 48 crianças e jovens que vivem neste lar da Santa Casa da Misericórdia de Cascais. E tem gerado resultados.
"Tem de haver um encontro de vontades. Fomentamo-lo através dos voluntários que vêm ajudar as crianças, por exemplo, no estudo. Muitos acabam por se apaixonar por elas", explicou Cecília Abecassis, directora. Através do Projecto Famílias Amigas, começam por sair com os voluntários para passar tardes, fins-de-semana e férias. "Depois desta aproximação, muitos acabam por querer adoptar." Nesses casos, o processo segue o curso normal.
Nascido há quatro anos, o projecto gerou 18 famílias amigas e já resultou em cinco processos de adopção e oito de confiança à pessoa/família idónea, outro regime previsto na lei mas com uma fraca aplicação.
Todas as crianças confiadas às famílias têm entre 8 e 15 anos, idades para as quais é sempre difícil encontrar um projecto de vida. "Se contássemos com os inscritos no serviço de adopção, estas crianças nunca teriam sido adoptadas."
DN
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