As autoridades portuguesas esperam que a Guardia Civil traga para a reunião de hoje ou amanhã dados concretos sobre a actividade da ETA. É que tendo em conta as várias declarações públicas há, para já, uma aparente contradição enquanto a Espanha levanta a hipótese da existência de uma estrutura logística no nosso país, em particular no Algarve, as forças policiais portuguesas mantêm uma posição precisamente contrária
Os governantes espanhóis usaram inicialmente de alguma cautela, não obstante as declarações do director-geral da Polícia e da Guardia Civil, Joan Mesquida, que logo após o atentado de Durango salientou que parece confirmar-se que a "ETA disporá de um certo tipo de infra-estruturas em Portugal", isto com base no facto de um dos carros usado no atentado ter origem portuguesa.
Mas ontem, no entanto, a posição de Madrid subiu de nível e de tom, com o próprio ministro do Interior espanhol, Alfredo Rubalcaba, citado pela agência Lusa, a declarar que "existe a possibilidade de a ETA ter uma pequena infra-estrutura no Sul de Portugal, provavelmente no Algarve".
E isto quando quer o director da Polícia Judiciária, Alípio Ribeiro, quer o secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança, Leonel de Carvalho, asseguraram não haver suspeitas da existência de células da ETA em Portugal.
Alípio Ribeiro, antes de qualquer investigação estar concluída, adiantou que "não há indícios absolutamente nenhuns de que exista uma célula em Portugal, mas é evidente que isto demonstra alguma capacidade de movimentação dessas pessoas em Portugal".
As declarações do director da PJ são tanto mais importantes quanto sob a sua alçada está a Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB), que tem competência reservada no combate ao terrorismo e que investiga no Norte e no Sul do país o envolvimento de carros portugueses no atentado de Durango e na apreensão de pó de alumínio em Ayamonte, em Junho.
Os contactos oficiais entre Lisboa e Madrid têm sido feitos respectivamente entre os ministros da Administração Interna português e do Interior espanhol, mas o Gabinete do ministro Rui Pereira, não quis comentar a aparente contradição entre as posições portuguesa e espanhola.
Sabe-se, isso sim, que Portugal e Espanha preparam a criação de equipas conjuntas de investigação, que envolvem não apenas elementos das várias polícias, mas também magistrados de ambos os países. A criação das equipas será objecto da assinatura de um acordo ainda em Setembro, segundo o Ministério da Administração Interna.
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