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Radio Viseu Cidade Viriato

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

ETA não está em Portugal

Os oficiais da Guardia Civil espanhola que estiveram em Portugal, no âmbito da luta contra a ETA e na sequência da utilização de viaturas portuguesas pelo grupo basco, não trouxeram qualquer elemento que possa mostrar Portugal como base de retaguarda.

O próprio secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança, Leonel Carvalho, disse, ontem, em conferência de Imprensa e após a reunião com os oficiais espanhóis, que "não existe um facto provado que indique a existência de uma estrutura da ETA em Portugal".

Leonel Carvalho admitiu apenas que os elementos da ETA possam recolher-se temporariamente em território português, beneficiando das facilidades da "livre circulação de pessoas e bens e com o facto de Portugal ser uma país aberto ao turismo". Em Portugal, é também mais fácil o aluguer de automóveis e apenas a existência de suspeitas concretas permitirá evitar esse recurso.

Com efeito, face às declarações, primeiro, do director-geral da Polícia Nacional e da Guardia Civil, e depois do próprio ministro do Interior de Espanha, que apontavam a possibilidade da existência em Portugal de uma infra-estrutura da ETA, as autoridades portuguesas viam com alguma expectativa a chegada dos oficiais da Guardia Civil.

Por um lado, havia o interesse em operacionalizar algumas condutas numa área em que as polícias portuguesas têm pouca experiência, mas, por outro, face à insistência espanhola e ao nível das declarações, as autoridades portuguesas esperavam elementos concretos para fundamentar a alteração de procedimentos.

Apreensão portuguesa

A insistência espanhola quanto à base logística levantou alguma apreensão nas autoridades portuguesas, uma vez que nada havia de concreto sobre a possibilidade, ou seja, como apontou uma fonte policial, "em termos teóricos tudo é possível, mas a nível de investigação essa hipótese nunca foi levada a sério".

É que, não obstante as declarações de responsáveis espanhóis, nada indiciava tal possibilidade de uma base logística. E, aliás, a confusão era tanto maior quando o próprio SIS contrariava tal hipótese, inclusive com base nas informações trocadas com os serviços espanhóis.

A reunião de ontem acabou por clarificar a situação, e fundamentar o modo de actuação português. Em contrapartida, as polícias portuguesas esperam agora dos homólogos espanhóis a transmissão de mais dados e elementos concretos sobre os movimentos de indivíduos suspeitos de ligações à ETA que possam usar o território português para melhor se movimentarem. "O risco é sempre de Espanha para Portugal, ou seja nós não podemos saber quem são os suspeitos que estão no nosso país se a polícia espanhola não nos der informação definida", apontou uma fonte policial.

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