Pela primeira vez, Gerry McCann admite regressar a casa com a mulher e os filhos gémeos de dois anos, mesmo sem saber onde pára Madaleine, que desapareceu, no passado dia 3 de Maio, do quarto onde dormia com os irmãos no aldeamento Ocean Club (Praia da Luz).
A revelação foi feita durante uma pequena conversa com o JN, ontem, dia em que a Polícia Judiciária (PJ) negou conhecer ainda os resultados dos exames aos vestígios de sangue encontrados no apartamento onde os McCann passaram férias, que estão a ser analisados no laboratório forense de Birmingham, Inglaterra.
Foi com um ar aparentemente calmo e sorridente, que Gerry, em frente à vivenda que alugou, a poucos metros do Ocean Club, na Praia da Luz, admitiu que a família terá de regressar a casa, em Leicester. "Temos de voltar até por causa dos gémeos, mas ainda não decidimos a data. Tudo depende, também, da investigação", afirmou o pai de Madeleine, garantindo que mantém a ideia de que a filha está viva. Questionado sobre o que pensava do novo rumo da investigação, Gerry volta a frisar "o importante é a Madeleine, não eu ou a Kate".
Revelando que continua a acreditar na Polícia portuguesa, desvalorizou as notícias que ontem davam conta que o sangue encontrado no apartamento não era da filha.
"Perguntem à polícia", disse adiantando desconhecer qualquer resultado dos exames. "Se soubesse não poderia falar", acrescentou.
Gerry falou ainda das habituais reuniões que desde há três meses mantém, semanalmente , com os investigadores portugueses e ingleses. Garante que são "esporádicas" e que só acontecem "quando há novidades", pelo que não estranhou o facto de não ter havido qualquer encontro esta semana, justificando com "a falta de novidades".
Gerry e Kate, que receberam a visita do padre que os casou e que baptizou Madeleine, e ainda de outros familiares, mantêm a rotina habitual, marcada pela procura da privacidade.
Exames por concluir
Os responsáveis pela investigação do desaparecimento de Madeleine ainda não receberam os resultados das análises aos vestígios de sangue encontrados no apartamento do Ocean Clube, onde a família passou férias. Segundo apurou o JN, os técnicos do laboratório forense de Birmingham comunicaram, ontem, aos investigadores, não terem concluído o trabalho de análise, adiando, desta forma, por mais algum tempo, a confirmação se o sangue encontrado pertence ou não à menina de quatro anos.
Uma revelação feita após o jornal britânico "Times" ter garantido, ontem, que o sangue encontrado no quarto do casal não pertencia à criança, mas sim a um homem europeu. A notícia surgiu no dia em que os técnicos ingleses admitiam a hipótese da análise estar concluída.
Alípio Ribeiro diz que PJ não tem móbil do crime
O director Nacional da Polícia Judiciária (PJ) admitiu que os investigadores não têm ainda um móbil para o crime, mas mostra-se optimista quanto à possibilidade de encontrar Madeleine e em perceber o que realmente se passou. Na entrevista publicada ontem no "Diário Económico", Alípio Ribeiro diz que a polícia está a trabalhar para esclarecer uma situação difícil, "sobretudo relativamente à qual não há um móbil objectivo". "Pode haver um móbil por dinheiro, vingança, ciúme, por ódio, mas não o temos", esclareceu o responsável, admitindo não ter ideia onde possa estar a menina. Daí que admita ser "leviano" da sua parte admitir que a investigação esteja perto do fim. "Nestas situações devemos gerir baixas expectativas e não altas expectativas. Devemos ter em atenção que isto não é fácil, que ainda temos muito para andar, e seria leviano da minha parte dizer que estamos próximos do fim da investigação", disse o director da PJ.
Sete mil mensagens de solidariedade
Kate e Gerry McCann agradeceram, ontem, através do seu porta-voz, o apoio de milhares de pessoas que lhes enviaram mensagens de solidariedade; ultrapassaram as sete mil no último passado fim-de-semana.
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