No ano passado, 36% dos bebés nasceram por cesariana no Norte. A taxa, próxima do resto do país (35%), está muito acima da Europa, que anda entre os 20% e os 30%. A região quer cortar nestas intervenções, que têm mais riscos para a saúde e são mais caras.
Nos últimos anos, o número de cesarianas no Norte foi dos mais altos do país, tendo sido apenas ultrapassado, em 2009, pelo da região do Alentejo (37%).
Segundo o relatório da Comissão para a redução da Taxa de Cesarianas da Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), a que o JN teve acesso, alguns hospitais do Norte, como o Centro Hospitalar (CH) do Médio Ave, o CH do Nordeste, o CH do Porto, o CH da Póvoa /Vila do Conde, o CH de Trás-os-Montes e Alto Douro e o Hospital Pedro Hispano apresentaram, nos últimos três anos, uma taxa de cesarianas acima dos 40%.
Apenas dois - O CH do Tâmega e Sousa e o Hospital de S. João - ficaram abaixo dos 30%. Nos hospitais privados a taxa ronda os 65%.
Criada em Março, a comissão estudou os hospitais públicos da região e vai propor, depois de amanhã na Ordem dos Médicos, dez medidas para reduzir as cesarianas. Na sessão estarão presentes a ministra Ana Jorge e o secretário de Estado Manuel Pizarro, que estão a preparar uma redução de cerca de 20% do número de cesarianas em todo o país. As medidas apresentadas no relatório da comissão deverão, portanto, ser alargadas a todos os hospitais.
Há medidas mais técnicas do que outras, mas o estudo diz que é preciso começar pela consciencialização dos profissionais e do público sobre os riscos da cesariana, os riscos da indução do trabalho de parto e os benefícios do parto vaginal.
Ainda que a mortalidade materna (10 mortes por cem mil nascimentos) e a mortalidade perinatal (quatro mortes por mil nascimentos) sejam baixas, a cesariana comporta mais riscos como a lesão vesical, lesão ureteral, histerectomia e tromboembolismo.
A necessidade de cuidados intensivos é nove vezes superior e gera mais do dobro de re-internamentos. A cesariana também pode provocar problemas na placenta e útero nas gravidezes seguintes. Em contrapartida, o parto natural provoca mais dor perineal, mais incontinência urinária pós-parto e prolapso uterino.
A comissão entende que seria útil a ARSN divulgar anualmente a taxa de cesarianas de cada hospital, associada à taxa de internamento em cuidados intensivos de bebés com baixa oxigenação devido ao parto.
"A ideia é que as mulheres decidam onde ter os filhos com base nestas informações. Por outro lado, obriga os hospitais a ter números mais atractivos", diz Diogo Ayres de Campos, coordenador do estudo.
Outra das medidas prende-se com o financiamento. A comissão propõe que os hospitais recebam o mesmo do Ministério da Saúde quando optam por cesariana ou parto vaginal. Por outro lado, sugere um sistema de prémios indexado à taxa de cesarianas. Os hospitais que tiverem mais de 32,5% nada recebem.
Para alterar o cenário nos privados, a comissão pede a alteração da tabela da Ordem dos Médicos, que atribui um preço base mais baixo ao parto vaginal. "Do ponto de vista financeiro, o sistema favorece as cesarianas", admite Diogo Ayres de Campos.
A comissão defende ainda uma política de remunerações que beneficie os médicos com menos cesarianas e pede salários mais atraentes para fixar os clínicos nos hospitais públicos.
JN
Segundo o relatório da Comissão para a redução da Taxa de Cesarianas da Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), a que o JN teve acesso, alguns hospitais do Norte, como o Centro Hospitalar (CH) do Médio Ave, o CH do Nordeste, o CH do Porto, o CH da Póvoa /Vila do Conde, o CH de Trás-os-Montes e Alto Douro e o Hospital Pedro Hispano apresentaram, nos últimos três anos, uma taxa de cesarianas acima dos 40%.
Apenas dois - O CH do Tâmega e Sousa e o Hospital de S. João - ficaram abaixo dos 30%. Nos hospitais privados a taxa ronda os 65%.
Criada em Março, a comissão estudou os hospitais públicos da região e vai propor, depois de amanhã na Ordem dos Médicos, dez medidas para reduzir as cesarianas. Na sessão estarão presentes a ministra Ana Jorge e o secretário de Estado Manuel Pizarro, que estão a preparar uma redução de cerca de 20% do número de cesarianas em todo o país. As medidas apresentadas no relatório da comissão deverão, portanto, ser alargadas a todos os hospitais.
Há medidas mais técnicas do que outras, mas o estudo diz que é preciso começar pela consciencialização dos profissionais e do público sobre os riscos da cesariana, os riscos da indução do trabalho de parto e os benefícios do parto vaginal.
Ainda que a mortalidade materna (10 mortes por cem mil nascimentos) e a mortalidade perinatal (quatro mortes por mil nascimentos) sejam baixas, a cesariana comporta mais riscos como a lesão vesical, lesão ureteral, histerectomia e tromboembolismo.
A necessidade de cuidados intensivos é nove vezes superior e gera mais do dobro de re-internamentos. A cesariana também pode provocar problemas na placenta e útero nas gravidezes seguintes. Em contrapartida, o parto natural provoca mais dor perineal, mais incontinência urinária pós-parto e prolapso uterino.
A comissão entende que seria útil a ARSN divulgar anualmente a taxa de cesarianas de cada hospital, associada à taxa de internamento em cuidados intensivos de bebés com baixa oxigenação devido ao parto.
"A ideia é que as mulheres decidam onde ter os filhos com base nestas informações. Por outro lado, obriga os hospitais a ter números mais atractivos", diz Diogo Ayres de Campos, coordenador do estudo.
Outra das medidas prende-se com o financiamento. A comissão propõe que os hospitais recebam o mesmo do Ministério da Saúde quando optam por cesariana ou parto vaginal. Por outro lado, sugere um sistema de prémios indexado à taxa de cesarianas. Os hospitais que tiverem mais de 32,5% nada recebem.
Para alterar o cenário nos privados, a comissão pede a alteração da tabela da Ordem dos Médicos, que atribui um preço base mais baixo ao parto vaginal. "Do ponto de vista financeiro, o sistema favorece as cesarianas", admite Diogo Ayres de Campos.
A comissão defende ainda uma política de remunerações que beneficie os médicos com menos cesarianas e pede salários mais atraentes para fixar os clínicos nos hospitais públicos.
JN
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