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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

600 mil idosos com fome ou mal alimentados

600 mil idosos com fome ou mal alimentados
30,7% dos mais velhos têm baixo peso e são poucos os que tomam suplementos.

Maria (nome fictício) tem 81 anos e vive sozinha. Sem família para a ajudar, a reforma que recebe não chega para poder comprar os suplementos alimentares de que precisa para compensar o que não come. Sofre de desnutrição. Tem 1,60 m e pesa apenas 48 quilos, quando devia ter 63. Além do impacto destas carências na sua qualidade de vida, corre ainda riscos acrescidos de saúde. Cerca de 600 mil idosos em Portugal estão abaixo do peso que deviam ter, revela um estudo que é apresentado hoje, Dia Mundial da Alimentação.
"O isolamento social leva a este tipo de situações. Quanto mais sozinhos estão, menos comem e mais dependentes se tornam. Se não tiverem uma alimentação adequada, os tratamentos são mais lentos e não têm o mesmo alcance. Há um aumento de mortalidade e de morbilidade", diz Graça Raimundo, presidente da Associação Portuguesa de Dietistas.

Em Portugal, 30,7% dos idosos, ou seja, cerca de 600 mil pessoas, estão desnutridos e apenas 21% tomam suplementos alimentares para compensar esta falta de nutrientes. Esta é uma das conclusões do estudo NutriAction, que mostra que são muitos os que comem apenas um quarto da refeição que deviam ter no prato. O acesso aos suplementos é mais difícil no interior do País, "zona com menos informação e mais pobre".

"Essa quantidade de comida não cobre as necessidades nutricionais que têm. Há idosos a passar fome porque não ingerem tudo o que precisam. Além das dificuldades económicas em alguns casos, noutros o apetite não corresponde às necessidades", reforça, lembrando que a "desnutrição se traduz em debilidade física e psíquica".

A situação torna- -se ainda mais grave nos que estão doentes. Carla (nome fictício) sofre de uma doença grave que a impede de engolir normalmente. Apesar de só ter 67 anos, precisa de suplementos alimentares. Enquanto esteve internada teve acesso a uma alimentação enriquecida, mas após a alta a família foi confrontada com a enorme despesa que isso significava. Acabaram por deixar de ter dinheiro para comprar os suplementos nas farmácias, que não são comparticipados pelo Estado.

Em 2008, 53% dos idosos que precisavam tinham acesso a suplementos. O número caiu para 27% no ano passado e este ano continuou a baixar para os 21%. "A diminuição do consumo deve-se em grande parte à crise económica. Os suplementos têm custos que algumas pessoas não conseguem suportar", diz Graça Raimundo.

Uma conclusão reforçada por Vítor Cavaco, que fez o tratamento estatístico do estudo. "Mais de 50% destas pessoas têm doenças associadas e quando é preciso optar nas farmácias, levam o necessário", explica, salientando que o trabalho mostra que quanto mais velho mais problemas de nutrição se tem.
As situações mais graves de desnutrição são, curiosamente, encontradas nos hospitais. Não só porque os mais doentes aí estão internados mas porque esta ainda não é uma prioridade na área hospitalar. "É preciso criar grupos muldisciplinares que estudem as necessidades nutricionais dos doentes, elaborem planos alimentares e acompanhar a situação", diz Graça Raimundo. Vítor Cavaco acrescenta que ainda são poucos os dietistas e nutricionistas nos serviços de saúde.

DN

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