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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Crocodilo 'despromovido' do estatuto de fóssil vivo

Crocodilo 'despromovido' do estatuto de fóssil vivo
Antepassados de crocodilos do tempo dos dinossauros eram muito diferentes.

Estão longe de ser os fósseis vivos em que o imaginário colectivo os transformou. Os crocodilos, e os seus parentes jacarés e caimões, répteis populares e temidos entre todos, tal como são hoje, evoluíram posteriormente, a partir de um grupo que há mais de 60 milhões de anos, no tempo dos dinossauros, era afinal muito diverso, com animais de tamanhos e formatos para todos os gostos.

Eram os crocodiliformes, mas havia de tudo: a par de super-crocodilos, também havia espécimes encorpados em volume, outros com focinhos curtos e caudas quase inexistentes. Até alguns vegetarianos marcavam presença nesse grupo.

O estudo detalhado de um desses animais pré-históricos - o Simosuchus clarki , que foi contemporâneo dos últimos dinossauros, há 66 milhões de anos -, que foi publicado no Jounal of Vertebrate Paleontology e na Society of Vertebrate Paleontology Memoir , é uma chave para esta nova visão.

A investigação foi compilada por David Krause e Nathan Kley, da Universidade de Stony Brook , em Nova Iorque.

Foi a descoberta, há dez anos, em Madagáscar, de um fóssil desta espécie de formato estranho que desencadeou, justamente, a onda de estudos que levaram à despromoção dos crocodilos da condição de fósseis vivos.

Parente afastado dos actuais crocodilos, o Simosuchus clarki, do qual inicialmente se descobriu apenas o crânio, revelou de imediato nos estudos preliminares que esse crocodiliforme pré-histórico era muito diferente da sua imagem moderna.

Logo em 2000, os paleontólogos conseguiram verificar que este Simosuchus clarki tinha um focinho curto e nariz arrebitado, dentes pouco aguçados e um corpo bojudo. Tudo ao contrário do que vemos hoje num crocodilo.

Na última década, os paleontólogos que fizeram a primeira descoberta realizaram vária expedições a Madagáscar a fim de tentar encontrar mais fósseis, para reconstituir todo o esqueleto do Simosuchus clarki e também para tentar desenterrar outros espécimes crocodiliformes tão "estranhos" como aquele.

Dez anos depois, os dois objectivos foram cumpridos. Ao longo da última década, foi possível reconstituir quase completamente o esqueleto do Simosuchus. E outras expedições na Tanzânia levaram à descoberta, já este ano, de um outro crocodilo pequenino, cujos dentes se assemelham aos de um mamífero.

O estudo detalhado do Simosuchus mostrou agora que ele não poderia ter sido um predador veloz na água, como os seus actuais descendentes. Em vez disso, aquela espécie há muito extinta terá vivido em terra, e era herbívoro, segundo explicaram os investigadores à BBC News.

DN

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