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Radio Viseu Cidade Viriato

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

"Tive um momento em que me perdi"



Luiz Felipe Scolari pediu ontem desculpa ao povo português, aos futebolistas lusos, à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e à UEFA pela tentativa de agressão de anteontem à noite, no Estádio José de Alvalade, em Lisboa. Uma mudança radical de discurso se recordarmos as suas palavras logo a seguir ao encontro frente à Sérvia, quando argumentou que tudo o que acontecera fora "simples" e "normal". A limpeza de imagem começou às 18.30 horas (mais de 20 horas depois dos acontecimentos), em directo televisivo e radiofónico proveniente da sede da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Depois, mais tarde, no programa "Grande Entrevista", a cargo da jornalista Judite de Sousa, continuou a defesa pessoal, garantindo que não vê razões para apresentar a demissão.

Nos dois momentos de grande impacto mediático, reconheceu que "foi uma noite infeliz para todos" e salientou igualmente estar preparado para sofrer as consequências do acto, agora à mercê da UEFA. O organismo europeu pronuncia-se sobre o assunto na quarta-feira. A moldura penal, segundo os regulamentos da UEFA, varia entre a simpels multa e a irradiação. No ano passado, a UEFA castigou com vários meses de suspensão jogadores do Inter de Milão e do Valência que se envolveram em pancadaria após o final de um jogo da Liga dos Campeões.

Relativamente à FPF, também lhe foi instaurado um processo. Realçou todavia que tem o apoio de Gilberto Madail. "Disse-me que continua do meu lado, mas alertou-me para o facto de ser necessário a instauração de um inquérito. Espero que este processo apure toda a verdade. Eu fui o agredido, nunca tive a intenção de agredir ninguém", sublinhou.

Apesar do arrependimento - na declaração monocórdica de breves minutos na sede, utilizou a palavra "desculpa" em cinco ocasiões - , voltou a apontar o dedo a Dragutinovic sem nunca referenciar o seu nome. "Entendo as palavras em espanhol dirigidas à minha família (sublinhe-se que o atleta sérvio fala castelhano visto actuar no Sevilha desde 2005). Tapa na minha mão, também sei o que dói. Mas, em determinado momento, mesmo uma pessoa racional, normal, que tenha em mente não errar, às vezes erra. Tive um momento em que me perdi", salientou.

Scolari disse depois o que se passou com exactidão. "Foi um erro ter-me envolvido. Sei que não é condizente com a posição ou com a liderança que ocupo. Naquele momento, ia determinado para que não houvesse um problema sério entre o Ricardo Quaresma e o adversário. Foi isso que iniciou tudo mas institivamente tive aquela atitude. Não me dei conta e houve aquele reflexo de punho fechado, uma reacção... Só fiz o raciocínio certo quando acordei de manhã e vi o que se estava a passar".

Acompanhado do staff, onde se destacou o fiel adjunto Flávio "Murtosa" e o assessor pessoal Acaz Fellegger, Scolari tentou recuperar a confiança dos adeptos. "Nunca pensei em demitir-se. Sei bem o valor do trabalho que realizei".

O sargentão disse também perceber o tom altamente negativo das críticas provenientes do Governo. "Entendo tudo e têm razão! As imagens têm passado no Mundo inteiro".

Jogadores solidários

Ao longo do dia, as reacções multiplicaram-se. Uma das mais significativas chegou dos próprios 23 elementos convocados por Scolari para os jogos com a Polónia e Sérvia, onde se inclui... Pepe. "No estrito interesse do país e dos jogadores da selecção e depois de agressões verbais por parte dos jogadores adversários e de tentativa de agressão a um dos nossos atletas, o seleccionador nacional saiu em defesa do jogador em causa e do grupo de forma emotiva, própria de quem vive o futebol com paixão. Não podemos deixar que a repercussão pública de uma história, que nunca tem só um lado, faça esquecer a forma como o seleccionador esteve sempre ao lado dos jogadores e do país, mesmo nas situações mais difíceis", pode ler-se.

Madail à margem do discurso de ontem de Scolari

Gilberto Madail recusou ontem comentar o episódio da tentativa de agressão de Scolari a Dragutinovic. Em conversa com o JN, admitiu, no entanto, que falou com o sargentão antes do seu pedido de desculpas. "É uma conversa que ficou apenas entre nós. Não a vou revelar", sublinhou. Ainda assim, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) garante que não conhecia o conteúdo das palavras que viriam a ser proferidas por Scolari. "Asseguro que vi a sua declaração às 18.30 horas sem saber de nada! Não fazia ideia do que iria dizer". No seu entender, houve enorme independência de acção entre a direcção da FPF e o treinador, naquelas últimas horas. "Nós fizémos o que entendemos ser o melhor e ele fez o que entendeu ser também o melhor. A Federação abriu um processo de inquérito aos factos que envolveram o sr. Scolari, que incluem a recolha e análise das imagens do jogo, os depoimentos dos intervenientes e, claro, os relatórios da UEFA. Por seu lado, o sr. Scolari fez hoje (ontem) o que toda a gente viu e ouviu".

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