Pensava-se que era um chacal (um mamífero selvagem aparentado dos cães) mas o chacal do Egipto (Canis aureus lupaster) é afinal um lobo.
A descoberta foi feita graças a um estudo genético e com essa novidade os investigadores das universidades de Oslo, de Oxford e de Adis Abeba que fizeram o estudo, conseguiram também determinar que a chegada do lobo cinzento a África aconteceu há três milhões de anos. Antes de se espalhar pelo hemisfério norte.
"Um lobo em África não é apenas uma notícia importante para a conservação, mas levanta também questões biológicas fascinantes acerca de como o lobo africano evoluiu e viveu lado a lado, não apenas como o chacal, mas também com o raro lobo da Etiópia que está a desaparecer e que é uma espécie completamente diferente, com a qual o novo lobo não deve ser confundido", afirmou, citado pela Science Daily, o investigador David Macdonald, da Universidade de Oxford e um dos autores do artigo que foi publicado na revista PLoS One.
O lobo agora identificado é um parente próximo do lobo cinzento do Norte do continente europeu, do lobo da Índia e ainda do lobo dos Himalaias, de acordo com os dados genéticos obtidos pela equipa.
Foi há mais de um século, em 1880, que o biólogo britânico Thomas Huxley, um dos primeiros defensores da teoria da evolução de Darwin, notou numa viagem ao Egipto que os chacais ali eram estranhamente parecidos com lobos. Thomas Huxley tinha razão.
Já nos últimos anos do século XX, outros biólogos levantaram a questão e foi para tentar perceber qual poderia ser o fundamento de tais suspeitas, que os investigadores das três universidades decidiram lançar-se na investigação do problema.
A equipa recolheu amostras de vários exemplares de chacal do Egipto (que era considerado uma subespécie do chacal dourado) e comparou o seu ADN (informação genética) com o de outros animais idênticos encontrados na Eritreia e na Etiópia e também com o de lobos cinzentos da Índia, dos Himalais e do Norte da Europa.
"Quase não queríamos acreditar quando verificámos que o ADN [do chacal do Egipto] não estava catalogado no GenBank [banco de dados de todos as sequências genéticas de acesso público]", contou Eli Rueness, da Universidade de Oslo e principal autor do estudo. A equipa verificou também a existência de uma grande semelhança genética com as amostras recolhidas na Etiópia, o que sugere que é a mesma espécie.
Para Afework Belele, o investigador da Universidade de Adis Abeba, que participou no estudo, esta é "uma prova de como as técnicas da genética podem revelar a biodiversidade escondida".
DN
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