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sexta-feira, 25 de março de 2011

Cérebro humano encolheu em 30.000 anos


Cérebro humano encolheu em 30.000 anos

O cérebro humano encolheu em 30.000 anos e o fenómeno intriga antropólogos, cuja maioria aposta mais na hipótese de se tratar de um efeito da evolução face a sociedades mais complexas, do que de um sinal de embrutecimento.


De acordo com a France Presse, que cita trabalhos científicos recentes, ao longo de 30.000 anos o volume médio do cérebro do homem moderno -- homo sapiens -- diminui cerca de 10 por cento, de 1.500 para 1.359 centímetros cúbicos, o equivalente a uma bola de ténis. O cérebro das mulheres, mais pequeno do que o dos homens, sofreu proporcionalmente a mesma redução. As medidas foram feitas a partir de cérebros encontrados na Europa, no Médio Oriente e na Ásia, explicou o antropólogo John Hawks, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

"Chamo a isto uma redução essencial e uma piscadela de olho à evolução", declarou o especialista numa recente entrevista à revista 'Discover'.

Segundo alguns antropólogos, tal redução não é assim tão surpreendente, na medida em que quanto mais forte e musculado mais tempo leva a inteligência a controlar essa massa. O homem de Neandertal, um 'parente' do homem moderno desaparecido há 30.000 anos por razões ainda não totalmente clarificadas, era mais forte e tinha um cérebro maior. O homem Cro-Magnon, que pintou as paredes da caverna de Lascaux há cerca de 17.000 anos, foi o Homo sapiens com maior cérebro. Era igualmente mais forte do que os seus descendentes.

"Tais recursos eram necessários para sobreviver num ambiente hostil", sublinha David Geary, professor de psicologia da Universidade de Missouri (Estados Unidos) e autor de trabalhos sobre o desenvolvimento do cérebro humano ao longo dos anos.

Partindo desta constatação, o investigador estudou a evolução da dimensão do crânio, no período compreendido entre há 1,9 milhões e 10.000 anos atrás, e como os nossos antepassados viviam em processos sociais mais complexos.

Partiu do princípio de que uma maior concentração humana era importante, pois haveria maior intercâmbio entre grupos, maior divisão de trabalho e interações mais ricas entre os vários indivíduos. O investigador constatou igualmente que o tamanho do cérebro diminuía quando a densidade populacional aumentava.

"De facto, na emergência de sociedades mais complexas, o cérebro humano tornou-se mais pequeno porque os indivíduos não têm a necessidade de tanta inteligência para sobreviverem, são ajudados pelos outros", explica David Geary à agência France Presse. Contudo, esta redução do cérebro não quer dizer que os homens modernos são mais idiotas do que os seus ancestrais.

Desenvolveram foi outras formas de inteligência mais sofisticada, insiste, por seu lado, Brian Hare, professor adjunto de antropologia na universidade de Duke (Carolina do Norte).

O especialista faz ainda um paralelo entre os animais domésticos e os selvagens. Assim, os lobos de Alsácia (pastor alemão) têm um cérebro mais pequeno do que o dos lobos, mas são mais inteligentes e sofisticados porque compreendem os gestos de comunicação entre os homens. "Isto mostra que não há relação entre o tamanho do cérebro e o quotidiano intelectual", que se define sobretudo pela capacidade de induzir e criar, insiste Brian Hare.

Cita ainda o exemplo dos chimpanzés, agressivos e dominadores, que têm um cérebro maior do que os macacos bonobos, mais 'civilizados' pois utilizam a simulação do ato sexual ou acasalamento para resolver os conflitos.

DN

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