Ao largo de Moçambique, investigadores australianos mediram com novo rigor este peixe gigantesco.
É o maior peixe que se conhece. Mas o tubarão-baleia (Rhincodon typus, de seu nome científico), que chega a atingir os 20 metros de comprimento segundo as estimativas dos biólogos, pode afinal ser ainda maior. Uma equipa de investigadores australianos, que tem estado a trabalhar no oceano Índico, ao largo de Moçambique, afirma ter desenvolvido um novo sistema de medição muito mais rigoroso, com base em lasers, que já permitiu verificar que, em média, estes peixes pode ter mais 50 centímetros do que se supunha até agora.
A equipa, que inclui biólogos marinhos da Universidade de Queensland, na Austrália, da Marine Megafauna Foundation, sediada em Moçambique, e da CSIRO Marine and Atmospheric Research, em Cleveland, também na Austrália, publicou um artigo no Journal of Fish Biology, descrevendo o seu sistema de medição e explicando que este peixe gigante, que poderá estar ameaçado e sobre o qual há ainda muito desconhecimento, é mais comprido, em média, do que se pensava.
"O nosso artigo é o primeiro a publicar medições rigorosas de tubarões-baleia feitas no terreno", adiantou à BBC News online o investigador Christoph Rohner, explicando que as anteriores medições utilizavam "fitas métricas ou estimativas visuais", nomeadamente a partir de fotografias.
O método de medição utilizando fotografias permitiu chegar a alguns valores recorde na estimativa do comprimento destes animais. No entanto, a utilização de feixes de laser pela equipa australiana demonstrou ser mais rigorosa. Em média, explica a equipa, os animais podem ter mais meio metro, como demonstraram as suas medições sistemáticas.
O sistema implica a utilização de lasers e de uma câmara fotográfica, cujas imagens podem depois ser lidas com um rigor nunca antes atingido.
Para além desta novidade - que só por si acaba por desvendar um pouco mais sobre esta enigmática espécie -, o novo sistema de medição, como espera a equipa, poderá ajudar a conhecer melhor outros hábitos do peixe, já que permite estudá-la no seu habitat oceânico e sem interferir com a dinâmica própria dos animais.
"Os tubarões-baleia podem ser identificados individualmente a partir de umas manchas características que têm no dorso e cujo padrão é diferente para cada indivíduo", explicou ainda Christoph Rohner, o principal autor do estudo. Graças à utilização dos feixes de laser, projectados sobre essas manchas, os investigadores podem uma só vez fazer fotografias para a medição do animal e também para a sua identificação individual.
O inventário de diferentes indivíduos, o seu seguimento regular, com medições de tempos a tempos, permitirá à equipa avaliar o ritmo de crescimento de cada animal e a partir daí avaliar também a longevidade da espécie. Quantos anos vive em média esta espécie de tubarão gigante é uma das incógnitas que os investigadores querem resolver.
DN
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