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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Europa mudou-nos em 20 anos

Os números da evolução do país desde que ele passou a integrar a Europa, em 1986, transmitem um retrato actual em quase tudo diferente da realidade de há 20 anos.

O INE cruzou dados nacionais e de organismos da União Europeia e traçou o perfil das mudanças ocorridas em Portugal. Há avanços nítidos e também estagnações, em outros casos distâncias bem marcadas face aos nossos parceiros.

A educação parece continuar a ser o maior abismo e, mesmo assim, mudou. A pobreza ainda é marcante, mas podemos vangloriar-nos de uma quase residual taxa de mortalidade infantil. Torna-se impossível imaginar como seria Portugal, se o país não tivesse entrado para a CEE (Comunidade Económica Europeia) em 1986, avisa-se na apresentação do estudo "Portugal, 20 anos de Integração Europeia", agora divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Aí é afirmado também que nem tudo foi perfeito ao longo do processo.

Viagens em menos tempo

A transferência de fundos estruturais da Europa para o país é descrita como "a maior operação de solidariedade na história de Portugal". Os números dizem um pouco de quanto mudámos ou nem tanto. Quando da adesão, 63,5% dos portugueses consideravam ser "bom" integrar a Europa; agora, os que têm essa opinião reduziram-se para os 48,5%.

Há ideias feitas a cair por terra neste retrato traçado a números afinal, temos uma densidade de quilómetros de auto-estrada por cada 100 quilómetros de território que só fica atrás de pequenos países como a Bélgica ou a Holanda. Em contrapartida, temos um elevadissimo peso do transporte de mercadorias a circular nas estradas. As acessibilidades permitiram reduzir em média para cerca de metade o tempo de viagens para todo o país tendo como referência Lisboa. Houve sinais de recuperação demográfica na década de 90, ainda que a tendência já tenha desacelerado. O emprego e o desemprego obedecem fielmente aos ciclos de expansão e recessão económica, enquanto se verifica um aumento da desigualdade social na distribuição do rendimento, realidade partilhada com economias desenvolvidas. Já na pobreza, mesmo quando contados os apoios estatais aos indivíduos e famílias, temos valores acima da UE dos 15.

Portugal mantém uma posição pouco favorável entre os 15 no índice de desenvolvimento humano (em que entram factores como a saúde e saneamento). É certo que ele melhorou até ao começo deste século, mas a evolução teria de ser mais acentuada. A baixa mortalidade infantil, inferior à média europeia, é das escassas glórias nesta comparação de números. Na esperança de vida também registámos avanços e estes são reconhecidos ainda nos indicadores da educação, onde gastamos comparativamente mais recursos face aos ainda fracos resultados."Um paradoxo e um mistério".

É assim que o geógrafo Álvaro Domingues se refere aos números sobre educação. Temos um investimento superior ao da UE neste sector, mas um elevado abandono precoce das escolas. Para este professor da Faculdade de Arquitectura do Porto, estes desfasamentos terão de encontrar explicação em heranças culturais do passado, no posicionamento das famílias face à escola ou mesmo na procura destas de um rendimento que ampare os salários mínimos de muitos agregados. "Há questões que não se resolvem no mundo da escola, só lá desaguam", comenta. Para Álvaro Domingues, os números deste estudo mostram que o mapa de Portugal "encolheu" com mais e melhores ligações rodoviárias, mas as cifras não traduzirão as realidades de populações envelhecidas, no interior, que deixaram de ter os apoios tradicionais da família e da actividade agrícola. "As acessibilidades não resolveram as assimetrias regionais", comenta, acentuando que o estudo não faz a desagregação dos números por região. Vale, assim, a média nacional. Sobre o saldo positivo da imigração em anos recentes, o mesmo geógrafo alerta para o facto de não terem vindo a ser compatibilizados os portugueses que emigram com frequência para trabalhos de alguns meses.

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