D.João I (1385-1433) - "O de Boa Memória"
A declaração de Coimbra, que declarava rei o Mestre de Avis, como João I e fundador de uma nova dinastia. tinha os seus fundamentos, porque a maioria da nobreza e clero ainda consideravam a rainha de Castela a sua herdeira de direito; mas o sentimento popular era mais forte, e João I tinha fortes e dedicados aliados em Nuno Álvares Pereira, " o Santo Condestável", o seu campeão militar, e em João das Regras, o seu chanceler e jurista.
Independência assegurada. Muitas cidades de cidades e castelos permaneceram fiéis a Castela, quando Juan I apareceu com um forte exército no centro de Portugal. Ainda que em muito menor número, os portugueses ganharam a grande batalha de Aljubarrota ( 14 de Agosto de 1385), na qual a cavalaria Castelhana foi totalmente destroçada e Juan de Castela escapou dificilmente.
A vitória seguida por êxitos posteriores de Nuno Álvares, asseguraram o reino a João I e fizeram dele um aliado desejável. Uma pequena força de arqueiros ingleses estiveram presentes em Aljubarrota. O tratado de Windsor (9 de Maio de 1386) estabeleceu a aliança Anglo-Portuguesa, aliança até hoje permanente entre os dois reinos
Jonh of Gaunt, Duque de Lencastre, veio à Península (Julho de 1386) e tentou uma invasão de Castela conjuntamente com João I. Não teve êxito, mas os portugueses casaram com o rei a filha de Jonh of Gaunt, Filipa de Lancaster (1387), que introduziu vários usos ingleses em Portugal .
A corte portuguesa falava em francês como na Inglaterra aristocrática e oficial, os príncipes tomam nomes ( Eduardo - Edward, Henrique-Henry) e títulos de duque, à inglesa, nascendo com notáveis dotes e sendo primorosamente educados no ambiente criado por D. Filipa, preceptora da corte, constituída por gente nova.
Arranjaram tréguas com Castela em 1387, mas a paz só foi finalmente concluída em 1411. A vitória de João de Avis pode ser vista como uma vitória do espírito nacional contra a ligação feudal da ordem estabelecida. Como muita da antiga nobreza tinha aderido a Castela, João I recompensou os seus seguidores à custa daquela e não da coroa.
Em 22 de Agosto do ano da Era Juliana de 1460, o Decreto Régio de D. João I, ordenou que daí em diante se passasse a usar o ano do nascimento de Cristo como ano do começo ou referência, substituindo assim a era de César. Assim, o dia a seguir ao decreto régio, deixaria de ser o: 16 de Agosto de 1460 da Era Juliana para ser o 16 de Agosto de 1422 Era de Cristo.
O comércio prosperou e o casamento de Isabel, filha de João I, com Filipe o Bom de Borgonha foi seguido pelo crescimento das estreitas relações comerciais com o seu condado da Flandres. Com a conclusão da paz com Castela, João I necessitou de uma saída para entreter os seus homens de armas e os seus próprios filhos e organiza a conquista de Ceuta (1415), a partir da qual começa a grande era das expansão dos Portugueses.
A Figura de D. João I - Filho bastardo de D. Pedro I e de uma dama galega de nome Teresa Lourenço, D. João I nasceu em Lisboa aos 11 de Abril de 1357. Casa-se em Fevereiro de 1387, na cidade do Porto, com D. Filipa de Lencastre filha de Jonh of Gaunt, Duque de Lencastre. D. João I foi de facto um Rei de Boa Memória. Foi pai, foi avô e deixou a filhos e filhas, assim como aos netos, casa opulenta. A mulher satisfê-lo ao ponto de não se lhe registarem aventuras galantes para lá do matrimónio.
Vivendo numa época europeia turbulenta e devassa, plena de mortandades políticas e questões sangrentas entre familiares, oscilando entre o misticismo mais exagerado e o prazer mais desregrado, coeva da Guerra dos Cem Anos e dos desmandos das Duas Rosas, este rei pôde deixar de si Boa Memória e, sendo um homem, conseguiu realizar a divisa " Por Bem".
D. Duarte I " O Eloquente"(1433- 1438)
Durante o curto reinado do seu filho mais velho Duarte I, este tentou sem sucesso a conquistar Tanger mandando aí o terceiro filho de João I, o príncipe Henrique o Navegador, e o seu irmão mais novo Fernando, mas a expedição falhou, e Fernando foi capturado pelos Mouros e aí morreu(1443).
Depois da morte de D. Duarte e até à maioridade de D. Afonso V, foram regentes D. Leonor de Aragão e Pedro, Duque de Coimbra de 1438-1439. D. Pedro foi regedor de 1438-1439. O príncipe D. João foi regente e efemeramente rei, de 1476-1477.
D. Afonso V ( 1438 -1481 ) - "O Africano"
Com a morte de Duarte I, o seu filho Afonso V ainda era uma criança, e o seu irmão Pedro, duque de Coimbra, tomou a regência (1440) em vez de o fazer a viúva, Leonor de Aragão. Mas a regência de D. Pedro foi mais tarde desafiada pela poderosa família de Bragança, descendente de Afonso, filho ilegítimo de João de Aviz, e Beatriz, filha de Nuno Álvares Pereira.
Esta família continuou a voltar o rei contra seu tio, que foi forçado a deixar a regência, e tomar as armas, morrendo em Alfarrobeira (Maio 1449). Afonso V (1438-81) provou não ser capaz de resistir aos Braganças, que se tornaram a família mais rica e poderosa de Portugal.
Conquistas de D. Afonso V em África
Após terem tomado Constantinopla, os Turcos cercam Belgrado em 1456. O papa manda pregar uma nova cruzada contra os infiéis. Quase todos os soberanos europeus fazem orelhas moucas. Só D. Afonso V corresponde ao apelo do papa e promete ir combater os Turcos com um exército de doze mil homens, iniciando logo os preparativos.
Mas, em 1458, o papa Calisto III morre, a ameaça turca perde força, e a cruzada cai no esquecimento. As tropas que o rei português prometera conduzir aos Balcãs estão prontas para defender a Cristandade. Tinham-se feito grandes despesas e para que todo esse esforço não aparecesse como inútil, o rei resolve utilizar esses meios numa expedição ao Norte de África.
E conquista a pequena praça de Alcácer-Ceguer, no estreito de Gibraltar, em 1458. Em 1463-1464 há nova expedição a Tânger, mas que não resulta. Em 1471, Arzila é conquistada e Tânger ocupada. Nesta última campanha participa o príncipe D. João que, com 16 anos, se bate corajosamente e é armado cavaleiro. São estas expedições a África que valem o cognome de o Africano a D. Afonso V e que lhe conferem prestígio entre a nobreza europeia.
Como tinha casado com Joana, filha de Henrique IV de Castela, Afonso V reclamou o trono Castelhano e envolveu-se numa larga disputa com Fernando e Isabel, e foi derrotado na região de Zamora e Toro em 1476. Embarcou para França para pedir ajuda a Luís XI, mas não o conseguiu.
No seu regresso assinou com Castela o tratado de Alcáçovas (1479), abandonando os direitos da sua esposa Joana. Afonso V nunca recuperou deste seu fracasso, e durante os seus últimos anos de vida, o seu filho João administrou o reino.
D. Afonso V nasceu em Sintra em 15 de Janeiro de 1432, filho de D. Duarte e de D. Leonor de Aragão, e casou em 6 de Maio de 1447 com a sua prima D. Isabel, filha de D. Pedro, Duque de Coimbra. Em 1475, D, Afonso V casa com Joana de Castela ( Joana a Beltraneja), sua sobrinha. Este segundo casamento foi dissolvido pelo Papa Sisto IV, devido à sua consanguinidade. Faleceu em Sintra em 28 de Agosto de 1481.
Consolidação da monarquia.
D. João II (1481-1495)- "O Príncipe Perfeito"
João II era tão cauteloso, firme, e zeloso do poder real como o seu pai tinha sido um mãos largas e negligente. Nas primeiras Cortes do seu reinado, detalhou exactamente como os grandes vassalos lhe deviam prestar homenagem.
Uma suspeita de conspiração levou-o a prender Fernando II, duque de Bragança, e a maioria dos seus seguidores; o duque foi condenado à morte e executado (1484) em Évora, e o próprio João II apunhalou, Diogo duque de Viseu (1484).
Ao mesmo tempo que atacava o poder da nobreza, João II atenuava os efeitos do desfavorável tratado com Castela. Calculista e resoluto, recebeu mais tarde o cognome de "o Príncipe perfeito". João II morreu depois da morte do seu filho legítimo o infante D. Afonso, e assim foi sucedido por seu primo, o duque de Beja, como Manuel I (1495-1521), conhecido como "o Afortunado".
Consolidação do poder real
D. João II, consolidou o poder real. Constrói assim os alicerces de um estado moderno. E na ordem externa lança as bases de uma empresa colonial cujos frutos virão a ser colhidos nos reinados seguintes. Porém, o sonho da união dos reinos peninsulares sob uma mesma coroa, acalentado por seu pai, não o abandona completamente.
Sabe que, com propósitos semelhantes de hegemonia peninsular, aos reis de Castela e de Aragão agrada a ideia de casar a sua herdeira, a infanta Isabel, com o infante D. Afonso de Portugal. D. João II desenvolve uma estratégia conducente à realização desse casamento, que virá a verificar-se, por entre festejos de grande fausto, em Novembro de 1490.
Pouco tempo irá, no entanto, durar o sonho. Em Julho de 1491 o príncipe D. Afonso morre numa queda de cavalo, à beira-rio, perto do paço de Almeirim. Todo o projecto se desfaz. Dominado por uma profunda dor, D. João II ainda tenta legitimar em Roma D. Jorge, um filho bastardo.
Mas a oposição da rainha e as influências dos seus inimigos prevalecem. D. Manuel, duque de Beja, irmão do duque de Viseu que o rei assassinara por suas mãos, sobrinho-neto de D. Afonso V, está agora na primeira linha da sucessão.
A Figura de D. João II - Filho primogénito do rei D. Afonso V e de D. Isabel, D. João II nasceu em Lisboa a 5 de Maio de 1455. Casa em 16 de Setembro de 1473 com D. Leonor ( A Fundadora das Misericórdias ).
Morreu em Alvor em Outubro de 1495, no meio de pavorosa agonia, correndo vozes no tempo, do que fazem ecos os cronistas, de que a morte foi devida a peçonha misturada com a água.
D. João II foi uma das maiores figuras da nossa história, não tanto pelas qualidades pessoais, como pelos métodos de governo, sobretudo pela obra que realizou no fortalecimento do poder régio.
Ainda que a nobreza portuguesa chamava "Tirano" a D. João II, o melhor elogio da sua figura foi o de sua prima Isabel a Católica rainha de Espanha, que disse quando soube da sua morte : "- Murió el Hombre !"
D. Manuel I (1495-1521) "O Afortunado"
D. Manuel I, que assumiu o título de :
" Rei de Portugal e dos Algarves e senhor da conquista, navegação, e comércio da Índia, Etiópia, Arábia e Pérsia,"
Herdou uma monarquia autocrática firmemente estabelecida e uma rápida expansão do império do ultramar, graças ao trabalho de João II.
Pela necessidade de defender os interesses do ultramar, tratou com Espanha o Tratado de Tordesilhas (1494) ao qual juntou o desejo de juntar a península sob a Casa de Avis, casando com Isabel, filha mais velha de Fernando e Isabel a Católica, que no entanto, morreu (1498) ao dar à luz o seu filho Miguel da Paz.
Esta criança foi reconhecida como herdeira de Portugal, Castela e Aragão mas morreu na sua infância. Manuel I casou então com a irmã de Isabel, Maria (morta em 1517) e a terceira vez com Leonor, irmã do Imperador Carlos V.
Como condição do seu casamento com Isabel, foi-lhe pedido para "purificar" Portugal dos Judeus. João II tinha recebido muitos refugiados judeus expulsos da Espanha (1492) cobrou-lhes pesadas taxas, mas forneceu-lhes barcos para deixarem Portugal. Como isto não se fez, Manuel I, em Outubro de 1487, ordenou aos judeus que abandonassem Portugal, num prazo máximo de 10 meses.
Quando se juntaram em Lisboa, foram feitos grandes esforços para conseguir a sua conversão com promessas e pela força. Alguns resistiram à ideia dessa conversão e foram autorizados a sair, mas os restantes foram "convertidos" com a promessa de que nenhum inquérito seria feito às suas crenças, antes de passarem 20 anos.
Como "Cristãos", não podiam ser obrigados a emigrar, e foram até proibidos de deixar Portugal. Em Abril de 1506, um grande número desses "novos Cristãos, ou marranos," foi massacrado em Lisboa durante uma desordem, mas Manuel I protegeu-os, e permitiu que emigrassem para a Holanda, onde puseram a experiência adquirida do comércio dos Portugueses ao serviço dos Holandeses
D. Manuel I era o nono filho do infante D. Fernando ( filho de D. Duarte ) e de D. Brites, nasceu em Alcochete em 31 de Maio de 1469 e faleceu em Lisboa a 13 de Dezembro de 1521estando sepultado na capela-mor do Mosteiro dos Jerónimos em Belém. Casou a primeira vez em 1497 com a viúva do infante D. Afonso, D. Isabel filha dos Reis Católicos. Com a morte de D. Isabel em 1498, voltou a casar em 1500 com a infanta D. Maria, irmã da sua primeira mulher. Viuvo de novo em 1517, volta a casar com D. Leonor, irmã de Carlos V, e que fora primeiramente destinada ao seu filho.
Proxima semana A Dinastia Filipina
VISEU CAPITAL DA BEIRA NO CORAÇÃO DE PORTUGAL CIDADE DE GRÃO VASCO COM A SUA CATEDRAL IMPONENTE NO ALTO DO MONTE
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